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Falsa sensação de segurança faz cobertura vacinal cair, diz médico

Falsa sensação de segurança faz cobertura vacinal cair, diz médico

Para pediatra, sem atingir as metas de vacinação, muitas vezes por desinformação, Brasil pode voltar a enfrentar doenças já eliminadas

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 17:45

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Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil

A falsa sensação de segurança da população, a desinformação e a falta de campanhas educativas estão contribuindo para que a cobertura vacinal esteja em queda no Brasil desde 2015. Sem atingir as metas de vacinação, o país pode voltar a enfrentar surtos de doenças que já haviam sido eliminadas, como a poliomielite. O alerta é do presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), pediatra Juarez Cunha.

“De forma geral, todas as coberturas vacinais estão baixas. Se, em 2019, elas já eram baixas, agora em 2022 ficaram mais baixas ainda. E o que isso significa? Todas as doenças chamadas imunopreveníveis e, em especial a população vulnerável, que são as crianças, estão desprotegidas. Estão vulneráveis a doenças que foram, muitas delas, eliminadas ou controladas", destacou o pediatra.

"Com baixas coberturas vacinais, essas doenças podem retornar e acometer as crianças e a nossa população”, explicou o médico, em entrevista à Agência Brasil, após palestra na 24ª Jornada Nacional de Imunizações, que termina neste sábado (10) no Centro de Convenções Frei Caneca.

Criança sendo vacinada. Vacinação está abaixo da cobertura ideal. Vacina sendo aplicada
Criança sendo vacinada. (OMS/ONU)

De acordo com Cunha, um dos fatores que têm levado à baixa cobertura vacinal, é a desinformação, alimentada por grupos antivacina. “Com a pandemia, a desinformação e as fake news (notícias falsas) acabaram abalando ainda mais a confiança (da população nas vacinas).”

Segundo o médico, é preciso lembrar o papel das vacinas na prevenção de doenças. “Só temos motivos para ficar felizes com os resultados que as vacinas nos trouxeram. É calculado que, só no Brasil, 600 a 900 mil mortes por Covid-19 foram evitadas em 2021 por causa do uso das vacinas. Então, se não valorizarmos as vacinas, infelizmente vamos ver pessoas ou crianças que poderiam evoluir de forma saudável adoecerem e morrerem por doenças que poderiam ser evitadas.”

HESITAÇÃO VACINAÇÃO 

O atraso ou a recusa a tomar vacinas também pode explicar a hesitação vacinal, que é a chamada falsa sensação de segurança, ou complacência, como explicou Cunha. Isso se deve ao fato de que as pessoas não convivem mais com algumas doenças, que foram eliminadas ou controladas após campanhas de vacinação. E, por isso, acham equivocadamente que não seria mais necessário se imunizar contra elas.

Na opinião do médico, o surto recente de sarampo comprovou que essas pessoas estão erradas. O Brasil chegou a receber o certificado de eliminação do sarampo em 2016. Mas, três anos depois, com baixa cobertura vacinal, o país perdeu o reconhecimento por não conseguir controlar um surto da doença, que se espalhou por diversos estados.

“Neste momento, duas doenças nos preocupam muito: o sarampo, doença que tinha sido eliminada e voltou em 2018 por [causa das] baixas coberturas vacinais; e agora, há um risco muito grande para a pólio, porque a gente está vendo que países com estruturas de saúde muito melhores que a nossa, como os Estados Unidos e Israel, voltaram a conviver com a doença”, afirmou Cunha.

A falta de confiança da população nas vacinas e principalmente, a ausência de uma comunicação adequada das autoridades públicas do país sobre a importância da imunização, vêm contribuindo para a queda na procura por vacinas. “Precisamos ter peças publicitárias que estimulem a vacinação”, disse o presidente da SBIm.

“O brasileiro sempre acreditou em vacinas, sempre aderiu à vacinação. Tanto que nosso Programa Nacional de Imunizações é um sucesso no mundo. Temos que recuperar isso. E é fundamental que a população conheça esses aspectos, principalmente esses riscos. Temos vacinas seguras, eficazes e distribuídas gratuitamente. A gente tem que estimular a vacinação na população”, concluiu.

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