Publicado em 4 de julho de 2020 às 18:09
Na coleção de dezenas de papéis que interpretou ao longo de sua carreira, Selton Mello, 47, já foi terapeuta, nordestino pobre e até palhaço. Mas agora, na história de Alessandro Marson e Thereza Falcão, ele será D. Pedro 2º, o imperador querido pelo povo, que trabalha pelo progresso do Brasil e para ampliar os horizontes da população. >
Trata-se da trama de "Nos Tempos do Imperador", nova novela da faixa das 18h da Globo, que teve sua estreia adiada pela pandemia do novo coronavírus e dará continuidade a história de "Novo Mundo" (2017), que teve os mesmos autores e está sendo reprisada atualmente.>
O folhetim, que ainda traz Mariana Ximenes e Alexandre Nero no elenco, marca o retorno de Mello às novelas após 20 anos longe delas. O último papel do ator foi como Abelardo, em "Força de um Desejo", em 2000.>
"Voltar às novelas 20 anos depois, dando vida a um personagem mitológico de nossa história, sempre me dá insônia e medo. Mas tudo isso é combustível para ir além", conta o ator em entrevista ao F5. "Volto para a casa com o brilho nos olhos do menino que fez 'Corpo a Corpo' na Globo, em 1985. Este retorno tem me emocionado diariamente".>
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Mello viverá o personagem em diferentes fases, desde o fim de sua juventude até os momentos próximos a sua morte, passando por uma caracterização feita em detalhes que acompanha cada um desses períodos de sua vida. Quanto à construção interna, Mello diz que assistir a Caio Castro e Letícia Colin como D. Predo 1º e Maria Leopoldina, em "Novo Mundo", foi essencial.>
"Acho que o público vai se encantar com a trama, com as escolhas dos autores e da direção, e se impressionará com as semelhanças estruturais de nosso país, mesmo tendo passado mais de 150 anos", adianta Mello.>
"Infelizmente muitas coisas ainda persistem no comportamento estrutural do país. Sem spoiler, deixo que o público assista e se reconheça. Muito do legado do reinado de Dom Pedro 2º -as coisas boas, digo- ficaram. E muitas coisas ruins persistem até os dias de hoje. Esta é uma novela que vai emocionar, entreter e iluminar os pensamentos".>
Confira a entrevista completa: >
SELTON MELLO - Teremos um pouco de tudo que uma boa novela pode oferecer, com a chance rara de apresentar ao público uma parte fundamental de nossa história. Não em tom de documentário, mas sem dúvida apresentando para quem não sabe ou refrescando a memória de quem sabe um bocado de nossa história do século 19.
Infelizmente muitas coisas ainda persistem no comportamento estrutural do país. Sem spoiler, deixo que o público assista e se reconheça. Muito do legado do reinado de Dom Pedro 2º -as coisas boas, digo- ficaram. E muitas coisas ruins persistem até os dias de hoje. Esta é uma novela que vai emocionar, entreter e iluminar os pensamentos.
A paixão pela Condessa de Barral foi algo marcante na vida deste homem, que foi criado sem os pais e teve tutores em seus lugares. Portanto, atrás da aura de Imperador, vivia também um menino eternamente órfão. Mas não apenas isso veremos. Perceberemos a grandeza deste homem, que sonhava um Brasil grande, recheado de conhecimento, educação.
Darei vida ao imperador em várias passagens de tempo na trama. Nos primeiros capítulos, a barba ainda não é tão avantajada, como estudamos nos livros -eu e toda a equipe de direção e arte. Em um segundo momento, com as filhas Isabel (Any Maia/Giulia Gayoso) e Leopoldina (Melissa Nóbrega/Bruna Griphao) adultas, veremos Dom Pedro 2º como as pinturas e fotografias da época mostravam. E eventualmente viverei o imperador velho, próximo de sua morte, em um esforço de caracterização impressionante da equipe da novela.
[Risos] Amo memes, acho que é uma forma contemporânea de humor, algo rápido no entendimento, direto na razão. Mas memes com o imperador eu não pretendo fazer. Se outros fizerem, terei imenso prazer em ver o que vão aprontar.
Vi pouco na época, mas agora maratonei a novela, sobretudo pra acompanhar os grandes solos de Leticia Colin e Caio Castro. Eles me ajudaram na preparação mais do que podem imaginar. E sim, é uma continuação de "Novo Mundo", coisa rara na TV.
Sem dúvida, poderão acompanhar sem sobressaltos, pois é o período do fim da monarquia. Claro que quem acompanhou "Novo Mundo" vai se deliciar mais ainda, mas se não teve a chance de ver a anterior, vai se deliciar também.
Acho que o público vai se encantar com a trama, com as escolhas dos autores e da direção, e se impressionará com as semelhanças estruturais de nosso país, mesmo tendo passado mais de 150 anos.
Opa, sempre. Essa é uma das belezas de minha profissão: poder aprender sempre. Sobretudo agora, com esse personagem mítico e cheio de nuances.
O protagonismo não assusta, mas sempre dá um baita frio na barriga. E acho que quando isso não acontecer mais, significa que perdi o brilho da reinvenção, do desafio de algo novo. Voltar às novelas 20 anos depois, dando vida a um personagem mitológico de nossa história, sempre me dá insônia e medo, mas tudo isso é combustível para ir além.
Foi um combo. Dom Pedro 2º foi um dos personagens mais fascinantes nos quais tive a chance de me debruçar. [Há também] O texto primoroso de Alessandro Marson e Thereza Falcão; e a direção artística de Vinícius Coimbra, com quem fui muito feliz na releitura de "Ligações Perigosas" [Globo, 2016]. Um baita elenco e equipe. Estou em um lugar onde me sinto feliz a cada dia de trabalho, e finalmente consegui separar o tempo para me dedicar a uma obra longa, que sempre foi uma questão que impedia minha volta, por causa de outros compromissos. Agora era a hora certa, com o personagem certo, com as pessoas certas. Penso que as novelas fazem parte da cultura brasileira, mas fui viver outras aventuras nesses 20 anos. E volto para a casa com o brilho nos olhos do menino que fez "Corpo a Corpo", na Globo, em 1985. Este retorno tem me emocionado diariamente.
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