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Publicado em 18 de abril de 2021 às 08:00
A última segunda-feira, dia 12 de abril, foi para o escritor Romulo Felippe um dos momentos mais importantes de sua carreira. Em suas palavras, neste dia viveu um momento de êxtase e jubilo ao receber a notícia de que conquistou a cadeira número 9 da Academia Espírito-santense de Letras (AEL). >
"O dia já estava pleno, com o início da realização de um sonho, no litoral de Anchieta, e por ser o Dia da Padroeira do Espírito Santo. E foi fechado na estrada, na companhia da minha esposa, nas palavras do confrade Anaximandro Amorim, que anunciou a minha vitória”, relembra o momento. Felippe concorreu com mais seis autores pela honra de fazer parte da instituição, tendo sido eleito em uma assembleia virtual. >
Cachoeirense, o também jornalista ocupará o posto outrora pertencente ao grande expoente da literatura capixaba, Sérgio Blank, que faleceu em 2020. Felippe afirma que a contribuição poética do antecessor é perpétua e demonstra sua admiração: “Tinha uma visão translúcida do cotidiano, enxergava o invisível para todos nós e o transformava em poesia plena, da alma. Uma lacuna se abriu diante sua partida, infelizmente, mas seu escrito está eternizado”. >
Vale destacar que a posse do escritor deve ocorrer dentro de 180 dias a partir de sua eleição, de acordo com o estatuto da AEL. Felippe detalha que a ideia é que aconteça em outubro, devido ao momento marcado pela pandemia, para que, talvez, com a devida vacinação, possa ocorrer de forma presencial. “Caso contrário, será virtual, assim como o foi na Assembleia da minha eleição”, declara.>
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O escritor conta que concorrer à cadeira teve duas motivações: um sonho de infância e adolescência; e a vontade de ser um colaborador no difícil processo de não apenas difundir a paixão literária, mas também ajudar na construção de uma nova geração de leitores. Romulo acredita que as academias literárias são essenciais para esta formação.>
Romulo Felippe
Acadêmico da AELComo novo membro, entre os 40 totais da AEL, que completa 100 anos em setembro de 2021, Romulo enxerga que o seu papel é o de preservar a riqueza de nossa língua mãe e, mais ainda, expandir conhecimento para a população, principalmente para aqueles que necessitam de referências literárias. “Cerca de 30% da população brasileira jamais leu um livro por inteiro. Segundo a pesquisa, isso se deu por falta de quem os incentivasse a ler. Então, eis uma das missões da AEL: instigar, incentivar e estimular a leitura”, reflete.>
A respeito dos projetos em que deseja atuar na academia, adianta: "A AEL possui projetos incríveis, como o 1º Concurso Literário Sérgio Blank, voltado para os apenados do sistema carcerário capixaba. Muitos dos confrades e confreiras, antes da pandemia, visitavam escolas para levar aos jovens o amor pelos livros, seja na leitura ou na escrita. Gostaria de atuar dentro desse contexto". >
Com paixão declarada pela leitura e escrita, Romulo conta que o gosto vem desde a infância, quando já visitava a Casa dos Braga, morada de Rubem Braga em vida, local em que "devorava" centenas de obras. "Absorvia tudo o que podia: de Guimarães Rosa a Umberto Eco. Mas era o Sabiá da Crônica Brasileira, Rubem Braga, quem mais me cativava. Nascia ali meus primeiros versos e crônicas publicados nos jornais semanais: O Brado, Correio do Sul e O Arauto", rememora. >
Foi aos treze anos que adentrou em seu primeiro emprego de meio expediente em uma redação. A partir do jornalismo, ele afirma ter sido um pulo para a literatura. Hoje, Felippe tem tês livros publicados: “Monge Guerreiro”; “O Farol e a Tempestade”; e “Reino dos Morcegos”. Além disso, o escritor tem participação no Volume I de “Entre Monstros e Dragões”, coletânea portuguesa, organizada por R.C. Vicente (confira mais detalhes sobre os livros ao final da matéria).>
"Frases curtas, parágrafos pequenos, farta pesquisa e um texto de imersão. Anseio que o leitor viaje pelo enredo, que sinta na pele as dores e amores das minhas obras", assim Romulo define o seu modo de escrita. >
E vem muito mais por aí, neste pouco mais de um ano de pandemia, infectado e reinfectado pela Covid-19, o autor produziu quatro originais inéditos, que serão lançados no decorrer de 2021. Os títulos são o drama de guerra “Pássaros Negros na Neve”, com lançamento em junho, pela Novo Conceito; a jornada pela Terra Santa “Quando Entrevistei Jesus”, que apresenta uma pegada jornalística; o infantil “Universos Incríveis Além do Nosso”; e a fantasia medieval “O Fogo Eterno do Dragão”. >
“Atualmente estou finalizando as pesquisas do romance histórico “O Lanceiro Romano”, encomendado pela minha editora italiana, a Newton Compton Editori. Esta é a árdua e prazerosa missão para 2021. Que venha muito mais!”, antecipa, para a alegria dos fãs. >
Para Romulo, o Espírito Santo é um celeiro de talentos, destacando o célebre Rubem Braga e os que julga fenomenais: Francismo Aurélio, Bernadette Lyra, João Gualberto, Neida Lúcia e Anaximandro Amorim. Embora não consiga nominar todos os autores que admira no Estado, enfatiza: “Defendo a tese de que um escritor não possui pátria ou fronteiras que o cerquem, seja capixaba, brasileiro no contexto geral ou inglês, por exemplo. O escritor é uma peça universal. O mundo deveria aprender a ler mais nossos autores, e aos poucos isso está acontecendo”. >
Felippe pensa ser preciso difundir melhor as obras locais através de feiras, encontros, palestras e afins. Em entrevista ao Papo de Colunista, na quarta-feira (14), com Beatriz Seixas, Rafael Braz e Leonel Ximenes, o escritor contou mais sobre a sua visão a respeito do mercado de livros no ES e chegou a comentar questões como a taxação de obras e o incentivo à leitura. Confira na íntegra: >
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