Publicado em 21 de maio de 2020 às 18:50
Em conversa com jornalistas na tarde desta quinta-feira (21), as atrizes Patrícia Pillar, 56, e Claudia Raia, 53, se mostraram indignadas com a falta de um projeto por parte do governo para apoiar os artistas e produtores culturais brasileiros, que estão sofrendo com a paralisação do setor por causa da pandemia do novo coronavírus.>
"Acho que tem um plano de extermínio do artista e da cultura [no Brasil]. É pensado. Os artistas em qualquer lugar do mundo representam uma indústria, são muitos empregos. Esse ódio em relação à liberdade, à criação, à arte e aos artistas é tão grande que eles não conseguem nem ver que nós somos empregadores também", afirmou Pillar.>
Segundo ela, a classe artística e os intelectuais são a consciência e a liberdade de uma nação e são os primeiros a serem combatidos. "Acho que existe, sim, um plano de extermínio para que calem as nossas vozes. Isso dá para se ver em cada setor.">
Sem citar nomes, Pillar acrescentou que são colocadas pessoas para cuidar da cultura do país, que "não tem a mínima noção do que deve ser feito ou pensado". "Como nos outros setores também, coloca ministro do Meio Ambiente que não quer defender o meio ambiente, quer defender grilagem de terra. Coloca o ministro da Educação que odeia a educação.", disse.>
>
Ambas ressaltaram a importância de um projeto de apoio às pessoas que trabalham no setor e que estão passando muitas dificuldades. "E aí vem o preconceito: "Ah, artista rico quer receber apoio". Não é isso. Quantos cenotécnicos, quantos funcionários da sonoplastia, camareiros, iluminadores, uma série de pessoas, gente que depende disso para alimentar as suas famílias.">
Produtora de teatro, Claudia Raia afirmou que não vê uma luz no fim do túnel para o segmento. "Eu continuo acreditando na arte, nas pessoas que fazem arte nesse país. Acho o brasileiro extremamente talentoso, versátil. Mas a gente precisa contar com um plano para a cultura do país.">
A atriz disse que não demitiu ninguém da equipe que trabalha com ela e que, mesmo parados, todos seguem sendo remunerados. "Porque eu simplesmente não aceito ter que mandar uma equipe embora e contribuir com o desemprego. Só que não tem um plano, uma ajuda, uma pesquisa do que está precisando, do que pode ser feito pelo setor." Elas lembraram que o segmento cultural foi o primeiro a ter as suas atividades paralisadas e deverá ser o último a ser reaberto.>
"É muito triste porque as pessoas realmente não têm o que comer, não tem como sobreviver. Estamos fazendo várias campanhas, pedindo ajuda, coisa que o governo deveria fazer, mas estamos sem pai nem mãe, completamente. Já faz um tempo, e agora com esse novo governo mais ainda, estamos completamente abandonados", disse Raia.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta