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Morre aos 76 anos Gerson King Combo, cantor pioneiro no soul e funk

Morre aos 76 anos Gerson King Combo, cantor pioneiro no soul e funk

Chamado pelos fãs de 'James Brown brasileiro', o artista de 76 anos sofria de uma infecção provocada por uma diabetes

Publicado em 23 de setembro de 2020 às 15:23

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Gerson King Combo
Gerson King Combo. (Facebook/Gerson King Combo)

O músico Gerson King Combo morreu na noite desta terça-feira, 22, aos 76 aos. Ele estava no posto de assistência média de Irajá, no Rio. Conhecido como “James Brown brasileiro”, sofreu uma infecção generalizada por complicações da diabetes. Ainda não há informação sobre velório e enterro.

Nascido no Rio, Gérson Rodrigues Côrtes era irmão de Getúlio Côrtes, autor de Negro Gato, cantada por Roberto Carlos e Luiz Melodia. Um de seus principais álbuns foi Gérson King Combo Volume I, lançado em 1977, que contava com o sucesso Mandamentos Black. Gerson passou mal na última semana (21) e teve sua apresentação no Caxias Music Festival cancelada.

O artista ficou identificado com uma linha de soul brasileira mais ortodoxa, colada ao funk que se fazia nos Estados Unidos desde 1970. Ele mesmo citava como influenciadores nomes como o roqueiro Little Richard, de James Brown, Chubby Checker e King Curtis, de quem acabaria herdando parte de seu nome artístico. Mas nem sempre foi assim. Quando surgiu com seu LP de 1970, chamado Gerson Combo e a Turma do Soul, pelo selo Polydor, tudo o que tentou fazer foi, como Tim Maia, se aproximar da chamada MPB com a força que havia retirado do R&B de matriz norte-americana.

E assim fez um de seus discos mais raros e pelo qual não será muito lembrado. Um álbum que contava com a presença do grupo Os Diagonais e arranjos do maestro Waltel Branco. A guitarra viajante de Na Baixa do Sapateiro a tornava um alucinante samba soul. Aos Pés da Santa Cruz, um risco mais alto por ter sido gravada por João Gilberto em Chega de Saudade, de 1959, acabou profanada na bagunça de ritmos desencontrados. Mas – se Tim podia ele também tentaria – levou as regionalidades do Xote das Meninas para um banho de Motown regravando-a cheia de groove soul.

Sete anos depois, sua personalidade estava melhor definida para lançar uma das faixas com a qual mais seria identificado, Mandamentos Black, um texto sobre a afirmação racial que não estava fora dos radares dos militares. Toni Tornado já havia saído de um festival direto para a delegacia depois de ter feito o gesto do movimento dos Panteras Negras no Maracanãzinho ao cantar Black is Beautiful e Dom Salvador lançado um “perigoso” álbum com a mão esquerda colocada sutilmente de punho cerrado sobre uma mesa.

Gerson voltou aos palcos com mais frequência no final dos anos 1990, reconduzido aos interesses da cena que ainda restava sobre a velha escola da black music feita em português. Eventos que o reunia a Toni Tornado, Carlos Dafé, ao pernambucano Di Melo e à Banda Black Rio eram mais constantes em Sescs e na programação das Viradas Culturais de São Paulo. Essa frente, de alguma forma, não se opôs mas ficou na paralela à turma que responderia pelo melhor desenho da aglutinação entre a música negra que se fazia nos Estados Unidos nos anos 1970 e os sons brasileiros, como Tim Maia, Hyldon e Cassiano. Gerson não era menos brasileiro por isso.

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