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Em clipe com cenas do ES, Cesar MC exalta favela com funk, trap e rap

Em clipe com cenas do ES, Cesar MC exalta favela com funk, trap e rap

Canção, que promete ser som de resistência para artistas das periferias, vai ser lançada nas plataformas digitais nesta terça (8)

Publicado em 8 de setembro de 2020 às 17:47

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O artista Cesar MC
O artista Cesar MC. (Diego Cavaleiro Andante)

Nesta terça (8), Cesar MC lança "Favela", seu novo projeto musical nas plataformas digitais. A música chega com clipe que exalta os artistas da periferia. Gravado em comunidades do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, o video conta com participação de VK Mac e MC Cabelinho.

"Com certeza, é uma música de resistência. Apesar de não trazer de forma direta e contundente versos com teor de protesto, o olhar dessa crítica é feita por meio da superação, pois entendendo o quão desafiador e desigual é o contexto da favela. Falar de superação é, acima de tudo, falar de resistência", opina Cesar MC, em bate-papo com o Divirta-se.

Ele também detalha que a expectativa de retorno do público é alta, mesmo que este seja um trabalho que será lançado em meio à pandemia do coronavírus, ou seja, sem o contato direto com os fãs. "A arte e o entretenimento são ferramentas que enfrentam diretamente esse momento tão delicado. Toda essa atmosfera de angústia, ansiedade, depressão e incertezas que a pandemia trouxe precisou ser remediada com a cultura", justifica.

Ao longo dos versos musicais, que falam tanto dessa resistência de que Cesar MC destaca quanto da perpectiva da comunidade, o cantor capixaba brinca com a batida clássica do funk e elementos do rap e trap.

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Foi uma união musical muito singular com o funk, rap e trap. Toda essa pluralidade reforça ainda mais o impacto da mensagem e a propriedade do universo da favela, de onde esse grito poético ecoa

Cesar MC
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Durante a entrevista, o artista também falou de planos para carreira no momento pós-pandemia da Covid-19, projetos que anda desenvolvendo durante a quarentena, e ainda avaliou o cenário da arte nesse contexto.

Como foi o processo de produção de "Favela"?

  • O som é uma celebração de superação, força e afeto, que é visto no cotidiano das Comunidades. Como na maioria dos meus trabalhos, a criação dessa música nasceu no meu terraço, enquanto eu refletia sobre a imagem que a palavra "favela" projeta na mente das pessoas, quase sempre somos sinônimos de dor, dificuldades e desigualdades. Mas favela é um mundo onde, principalmente, ecoa felicidade, esperança, talento e muita força. E eu busquei retratar isso nesta canção. Esse som não é sobre esconder os desafios e barreiras que enfrentamos no dia a dia, é sobre entender e reconhecer o quão vitoriosa e inspiradora são as pessoas que vivem ao meu redor. Desde uma mãe que sustenta seus filhos, o pedreiro que constrói a própria casa, o morador que abre o seu próprio negócio ou menino que quer viver da música. Todas essas conquistas nos levam para um ponto comum: a favela vence no plural. E tão urgente quanto cobrar as dificuldades que enfrentamos é também celebrar as barreiras que derrubamos.

E como é colocar em prática um projeto em meio à pandemia, momento em que os fãs não participam presencialmente dos lançamentos?

  • Sem dúvidas, a gente sente falta do calor, da empolgação, de todo o envolvimento que os fãs sempre passam aos novos trabalhos. Mas o momento pede prudência, então a maneira sensata é se readaptar a esse novo cenário e ser o mais criativo possível dentro dessa nova realidade que é um tanto limitada.

Aliás, como tem sido para você esse momento de quarentena? O que tem aproveitado para fazer, o que está desenvolvendo...?

  • No princípio, foi bem conflituoso. A primeira impressão, pelo fato de estar mais em casa, era que seria uma temporada de muita produtividade, mesmo num cenário tão adverso. Porém, muito disso foi freado por conta do sentimento de aflição que o momento traz. Eu demorei um certo tempo para entender e me adaptar internamente a essa situação, e conseguir me dedicar e extrair o impulso criativo para dar vida ao melhor da minha arte. Agora, o momento é de criação, onde estou mergulhando na ideia para novas canções e respeitando essa etapa mais íntima com a poesia, até que tudo ganhe forma e se transforme em canção.

Imagino que, nas comunidades, a quarentena não esteja sendo nada fácil. Tenho certeza que você tem mais propriedade para falar sobre isso. Mas, neste caso, como a música (sua e no geral), tem ajudado a população?

  • A arte e o entretenimento são ferramentas que ajudam a enfrentar esse momento tão delicado. Toda essa atmosfera de angústia, ansiedade, depressão e incertezas que a pandemia trouxe, precisou ser remediada e prevenida de várias formas. Acredito que a música e a arte, no geral, se apresentaram como uma válvula de escape que cumpre esse papel de forma sensível e humana.

E esse papel de ajuda, de reflexão, deve ser continuado por "Favela", certo? Tem uma mensagem, um sentimento, algo que queira passar ou provocar no público com o projeto?

  • Complementando o que foi respondido na primeira pergunta, a proposta da música é tratar por um olhar otimista as realidades tão plurais e desafiadoras nas comunidades, resgatando a auto-estima, a identidade e impulsionando conquistas e inspirando força, para que elas se multipliquem, mesmo nesse cenário tão desigual.

E como tem sido seu contato com o público nesse período?

  • Tudo tem sido feito longe de aglomerações e buscando respeitar as recomendações de saúde propostas para esse momento. 

E quais são suas expectativas com o lançamento deste último projeto? Já está tendo um retorno dele por parte de colegas e fãs?

  • O engajamento tem sido bem positivo, a música já foi interpretada ao vivo algumas vezes em eventos de grande porte (antes da pandemia) e o público recebeu muito bem a canção, gerando pelas redes sociais uma boa expectativa para o lançamento oficial. Outro aspecto positivo que é necessário ressaltar, é o encontro que a música promove entre os artistas VK Mac (de Vitória/ES) e MC Cabelinho (da Favela do PPG/RJ), trazendo uma união musical muito singular com o Funk, Rap e Trap. Toda essa pluralidade reforça ainda mais o impacto da mensagem e a propriedade do universo Favela, de onde esse grito poético ecoa.

E o que o público pode esperar para os próximos meses na carreira? Novidades que pode adiantar?

  • Risos... Ainda não posso falar muito sobre os projeto que estão por vim, mas tem muita surpresa boa vindo aí. Parcerias com artistas que admiro, projetos em Cypher e claro, muita expectativa para o meu primeiro álbum.

A arte que você faz hoje também reflete muito o que você viveu na infância ou início na carreira? Pode falar um pouco do reflexo que você tem hoje do início da carreira?

  • Sim, reflete bastante! Toda a minha experiência com a música e com a arte é fruto dos meus 23 anos dentro de uma comunidade. Tudo que vivi e aprendi naquele local, foi, é e sempre será minha escola criativa e minha fonte inspiradora para tudo que eu propor a me expressar.

E a que atribui, depois de tantos obstáculos, o seu sucesso hoje em dia?

  • Eu entendo sucesso como caminhada. Não consigo chegar um ponto final, mas sempre entendo um novo recomeço com uma base melhor. Nessa perspectiva, sigo grato pela estrutura e visibilidade que eu tenho conquistado. Tudo começou numa roda de rima, numa praça vazia, com apenas três pessoas. Hoje, desfrutar de uma arte que se espalha para milhões de pessoas, me deixa extremamente otimista, mas jamais acomodado e ciente da minha responsabilidade.

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