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Cultura capixaba perde César Gonçalves, o eterno Zé do Rock

Cultura capixaba perde César Gonçalves, o eterno Zé do Rock

O músico e radialista morreu de enfarto, aos 74 anos, nesta segunda-feira (27). Ele era conhecido por comandar o programa "Cuba Libre", na Rádio Universitária FM, e por ser um dos integrantes da mítica banda de rock The Bats

Publicado em 27 de abril de 2020 às 17:48

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César Gonçalves, 62 anos, radialista e professor de geografia. Fã do cantor Johnny Rivers, que fará show no próximo sábado em Vitória
César Gonçalves, em foto de 2008, mostrando seus discod de Johnny Rivers. (Vitor Jubini)

Ainda sentindo a perda da atriz e ex-secretária de cultura de Vitória Vera Viana, morta em 16 de abril, a cena capixaba sofreu um novo baque na manhã desta segunda-feira (27).  César Gonçalves, o eterno Zé do Rock, morreu, aos 74 anos, em decorrência de um infarto fulminante. Músico, radialista e professor aposentado, ele morava em Jucutuquara (Vitória) e deixa esposa e uma filha.?

Por conta das medidas de isolamento social impostas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), não haverá velório. O enterro será restrito a familiares, no Cemitério de Santo Antônio, em Vitória. 

César Gonçalves fez história na música capixaba. Ao lado de Willis de Faria, Aristóteles da Mota, Djalma Salles e Wilde Leão, formaram o grupo The Bats, criado no apogeu da Jovem Guarda, em 1966.  

Reza a lenda que a ideia da formação da banda surgiu enquanto César ouvia a versão de "Menina Linda", com Renato e seus Blue Caps. O The Bats foi um dos pioneiros da cena roqueira local, em uma época em que Vitória também ganhou os conceituados Les Enfants e Os Infernais.

César Gonçalves foi um dos integrantes do grupo
César Gonçalves (o primeiro à esquerda) foi um dos integrantes do grupo "The Bats", um dos precursores da cena roqueira capixaba. (Antonio Carlos Gemada Sessa Netto/ Reprodução Facebook)

Ex-editor do extinto Caderno 2, de A Gazeta, o jornalista e pesquisador da música capixaba, José Roberto Santos Neves confirma o nome de César Gonçalves como sendo um dos precursores do rock local.

"À frente da banda The Bats - considerada os "Rolling Stones de Vitória" -, César teve um papel fundamental na difusão do rock no Estado, em meados dos anos 1960. Sou-lhe grato por sua colaboração para meu livro 'Rockrise - A História de uma Geração que fez Barulho no Espírito Santo', sem a qual não teria conseguido registrar essa história", adianta, relembrando que César também foi um grande comunicador.

"Na primeira metade dos anos 1960, ele comandou um quadro no programa "Clube dos Brotos", na TV Vitória, onde fazia mímica de Elvis Presley e dos cantores de rock dos anos 1950. Aquele programa, segundo ele me revelou em depoimento, foi o embrião do rock capixaba. Naquela época, César estudava no Colégio Estadual e gostava de desfilar com sua lambreta pelas ruas de Vitória usando jaqueta de couro, calça jeans e outros adereços rockers", relembra.

NAS ONDAS DO RÁDIO

Em 1993, retomando a vocação para a comunicação, César Gonçalves criou o programa "Cuba Libre", na Universitária FM, onde alegrava as manhãs de sábado com o melhor da música nos anos 1950, 1960, 1970 e 1980.

Rogério Borges, Secretário de Cultura da Universidade Federal do Espírito Santo, lamentou, em post nas redes sociais, a perda o colega de trabalho. "Nos 26 anos em que esteve conosco, foi um comunicador que levava muita alegria para seus ouvintes e colegas da rádio. Com altos índices de audiência e grande popularidade, o programa 'Cuba Libre' dava aos capixabas uma grande festa com o melhor da música. O apresentador marcou o rádio e vai deixar muitas saudades no coração dos familiares, amigos e ouvintes da Universitária FM.?", comentou. 

Em conversa com o "Divirta-se", Borges adiantou que, no próximo sábado (2), no horário em que o"Cuba Libre" é transmitido, a rádio da Ufes apresentará um especial editado, contado com alguns áudios de César Gonçalves. 

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"Ele sempre foi muito dedicado. Era tão apaixonado que fazia um trabalho voluntário, sem receber salário. Em 27 anos de programa, nunca faltou um sábado. Aprendi muita coisa sobre a história da música ouvindo o 'Cuba Libre'. Era um defensor da Universitária FM e de seu contato com o público jovem", complementa.

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