Vereadores de Vitória se presenteiam com tíquete, enquanto população empobrece

É desconcertante que esses representantes do povo não consigam enxergar as disparidades com a realidade de quem os elegeu. E assim se distanciam cada vez mais dos cidadãos

Publicado em 06/08/2025 às 01h00
Prédio da Câmara de Vereadores de Vitória
Prédio da Câmara de Vereadores de Vitória. Crédito: Arquivo/ A Gazeta

É com uma agilidade peculiar que, vira e mexe, o legislativo se move para aprovar projetos em benefício próprio. E isso acontece em todas as esferas, das câmaras municipais mais diminutas ao Congresso Nacional. A aprovação do reajuste do auxílio-alimentação pago aos servidores da Câmara de Vitória, que passou de R$ 1.197,60 para R$ 1.250,00, foi mais um desses casos que não causam  surpresa alguma.

Isso porque o projeto de resolução foi aprovado em regime de urgência urgentíssima, com um detalhe: os vereadores aprovaram também a extensão do benefício a eles mesmos. Um valor que vai ser acrescido aos R$ 17 mil que já recebem de salário, também fruto de um reajuste aprovado pela legislatura anterior, em 2023.

Pode parecer pouco se comparado aos supersalários, mais extravagantes no Judiciário, mas é um gasto que pesa no bolso da população e tem um simbolismo relevante. É desconcertante que esses representantes do povo não consigam enxergar as disparidades com a realidade de quem os elegeu. E assim se distanciam cada vez mais dos cidadãos, o que é um erro principalmente nas câmaras municipais, o ponto de contato mais próximo da população com o poder público.

Tudo isso em um país que deve descer no ranking de PIB per capita nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegando à 87ª posição. O Brasil fica mais perto, assim, da metade inferior desse ranking, ou seja, a metade mais pobre do planeta. Um desafio econômico e social que fica ainda mais crítico, cuja solução passa também pela reformulação do Estado brasileiro. Em suma, com um poder público mais eficiente, que direcione os gastos para o que é de fato necessário: o bem-estar da população.

Mas o que ainda se testemunha, entra ano e sai ano, é o desperdício e o direcionamento dos recursos para o bolso de quem está no poder. O caso da Câmara de Vitória é apenas mais um, mas não se pode perder a capacidade de indignação. Cada vereador que votou a favor desse novo gasto com tíquete deve encarar o descontentamento de quem os elegeu. Definitivamente, não foi para isso que foram escolhidos.

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