É com entusiasmo que deve ser recebida a notícia da criação do Núcleo de Recuperação de Ativos (NRA), da Polícia Civil. Afinal, é a organização de uma estrutura capaz de realizar investigações financeiras e patrimoniais, detectando atividades que promovem o enriquecimento de organizações criminosas no Espírito Santo, mas indo além: em outro flanco, viabilizando a venda ou incorporação desses bens ao patrimônio da corporação.
Ou seja, não poderia ser mais irônico, o dinheiro do crime vai servir para financiar o combate ao próprio crime, numa espécie de retroalimentação que muito interessa à sociedade. A Polícia Civil poderá seguir investindo em tecnologia e conhecimento para ter ainda mais precisão na identificação dessas movimentações financeiras criminosas. É, de fato, uma situação ganha-ganha.
Sobretudo porque a descapitalização desses grupos criminosos, inclusive do tráfico de drogas, é o que pode efetivamente deixá-los mais vulneráveis. O poder financeiro, principalmente para manterem seus arsenais, é o que consolida a força de coerção de uma facção criminosa. O confisco contínuo desse patrimônio pode ser mais letal do que um tiro contra esses grupos.
O Núcleo de Recuperação de Ativos (NRA) segue uma política nacional do Ministério da Justiça, com a Rede Recupera (Rede Nacional de Recuperação de Ativos). A proposta é consolidar um modelo nacional de enfrentamento patrimonial ao crime organizado.
Atingir o patrimônio e as fontes de financiamento desses criminosos é estratégia de inteligência, que exige um trabalho minucioso e especializado, com aprimoramento constante. A capacitação é essencial. Um investimento que pode vir desse dinheiro do crime, um tipo de "lavagem" do bem. O NRA tem tudo para colher bons frutos, com um trabalho sério.
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