
Em um final de semana, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) realizou operações da Lei Seca em Cariacica e na Serra. É o que todo motorista já deveria esperar que aconteça com alguma frequência desde 2008, quando a legislação começou a ser endurecida para enfrentar o consumo de álcool ao volante.
A Lei Seca foi um marco civilizatório que promoveu uma mudança cultural: beber e dirigir deixou de ser algo socialmente aceito. Algo similar ao que ocorreu com o cigarro, na mesma época: a lei ficou mais dura, proibindo cigarro em ambientes públicos e fechados, e desde então o número de fumantes no país está em queda — a novidade dos cigarros eletrônicos, tão nocivos ou mais, é um ponto fora dessa curva que exige novas frentes de batalha.
A bem da verdade, essas fiscalizações no trânsito deveriam ser ainda mais frequentes, diante de tantos acidentes envolvendo motoristas embriagados. Nas blitze realizadas em Cariacica e na Serra, o que chamou a atenção do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar (BPTran) foi o número de recusas ao teste do bafômetro. Foram 250 motoristas que se negaram: 155 entre os 486 abordados em Cariacica e 98 entre os 355 parados na Serra.
Uma recusa que tem implicações para os condutores, considerada uma infração gravíssima segundo o Código de Trânsito Brasileiro que prevê multa no valor de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. São sanções administrativas, não criminais. Mesmo assim, capazes de dar muita dor de cabeça a quem se recusa.
E, mesmo assim, um número considerável de condutores escolhe esse caminho. Uma atitude que dá indícios de que houve consumo de álcool em algum nível, o que é preocupante. Se há mais pessoas passando por cima da Lei Seca, sem temer as suas implicações, é um sinal de que estamos ainda mais em perigo no trânsito. E temos abordado com frequência neste espaço que vivemos uma verdadeira selvageria nas ruas, avenidas e rodovias. No ano passado, tivemos mais mortes no trânsito do que homicídios.
Beber e dirigir é um crime, mas não há como não se lamentar o afrouxamento da repressão nas ruas. Quanto mais fiscalização, menos os motoristas se aventuram a consumir álcool e assumir o volante. Nos primeiros anos da Lei Seca, as coisas deram certo justamente por isso. Com a Lei Seca materializada nas ruas, as pessoas vão voltar a ter medo de blitz e mudar o comportamento. É assim que os motoristas não terão mais motivos para recusar o bafômetro.
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