É muito triste que estudantes que ingressaram em um dos cursos mais concorridos de qualquer universidade do país se envolvam em um esquema para burlar a prova final de uma das disciplinas. Não se espera esse tipo de conduta de nenhum aluno, mas quando se trata de estudantes de Medicina a indignação acaba sendo maior, por ser uma profissão que prima pela confiança e na qual a falta de conhecimento pode colocar a vida das pessoas em risco.
Afinal, como confiar em futuros médicos que hackearam um prova ou pagaram para ter acesso ao conteúdo furtado? Que tipo de conhecimento estão acumulando? Mais ainda: que tipo de médicos estão sendo formados? O resultado desse mau comportamento de alunos do curso da Ufes foi a expulsão de dois estudantes que invadiram o drive da disciplina e a suspensão por 90 dias de outros 16 que compraram a prova. Um aluno teve o processo arquivado.
Em sua coluna, Vilmara Fernandes mostrou que a Ufes chegou a ser orientada a expulsar todos os alunos, sendo que houve também duas manifestações no processo disciplinar para que as informações fossem repassadas ao Ministério Público Federal (MPF) para uma possível abertura de ação penal. A moralidade da vida acadêmica foi jogada no lixo também pelos "beneficiários" do esquema, e certamente um nível mais alto de punição poderia servir de freio a quem, no futuro, pensar em repetir essa farsa.
Outro estudante de Medicina, também nesta semana, foi destaque no noticiário ao tentar furtar medicamentos do Hospital Estadual de Urgência e Emergência "São Lucas" (HEUE), em Vitória. O aluno da UVV era estagiário na unidade. Também no Espírito Santo, a torcida formada por estudantes da Ufes na 10ª edição dos Jogos Capixabas de Medicina foi punida após denúncia de ataques homofóbicos a um colega de outra equipe. Outro caso recente envolvendo futuros médicos foi o afastamento de um estudante da Universidade Federal de Roraima após denúncias de racismo.
Os episódios são distintos, mas têm em comum uma incompatibilidade desses comportamentos reprováveis, alguns até criminosos, com a escolha de uma profissão que tem a ética e a empatia como princípio. Roubar e revender uma prova, principalmente, não é uma atitude aceitável em lugar nenhum, muito menos em uma universidade, responsável por formar os futuros profissionais do país. Independentemente da nota na prova, estes já estão reprovados como cidadãos.
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