Municipalização da BR 262 cria oportunidades e aumenta as responsabilidades

Independentemente de quem administra a via, o foco deve ser sempre na segurança e no bem-estar do cidadão que transita por ela

Publicado em 04/02/2022 às 02h00
Pandemia
Movimento na BR 262 em Cariacica. Crédito: Vitor Jubini

O plano de municipalizar o trecho urbano da BR 262 em Cariacica parte de uma obviedade: a via está tão inserida na dinâmica da cidade que não faz nem sentido que tenha permanecido por tanto tempo na alçada federal. O pleito é antigo, mas na última terça-feira a transferência foi concretizada com a publicação no Diário Oficial da União. No fim das contas, independentemente de quem administra a via, o foco deve ser sempre na segurança e no bem-estar do cidadão que transita por ela.

Quando a rodovia foi inaugurada, há pouco mais de meio século, a configuração urbana de Cariacica era outra, mas o próprio estabelecimento desse eixo rodoviário proporcionou a expansão do município até ter a dimensão atual. A BR 262 há muito tempo se confunde com a paisagem da cidade.

Ao mesmo tempo, o fluxo intenso de veículos e a própria extensão da via tornam o trecho que compreende o acesso à Segunda Ponte e o  Viaduto da Ceasa pouco amigável à vida urbana. A necessidade de intervenções que humanizem a região é evidente, e seu planejamento e sua execução são mais próximas da municipalidade do que da União. E de certa forma a lógica vale também para a aguardada concessão privada da BR 262, cujo leilão está marcado para o próximo dia 25 de fevereiro.

A transferência, contudo, provocou um cabo de guerra entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a prefeitura sobre as operações de segurança viária que deixarão de ser realizadas pelo órgão federal. A PRF afirmou que não foi consultada sobre a mudança. O prefeito Euclério Sampaio rebateu afirmando que a municipalização foi “amplamente discutida” com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). No meio desse embate, a prioridade é a segurança do usuário: o novo status da rodovia vai exigir das autoridades a garantia de um trânsito bem fiscalizado pelos órgãos municipais.

A cidade vai ter autonomia para organizar o trânsito e realizar as obras que melhorem a circulação de veículos, ciclistas e pedestres. Uma reurbanização é possível e desejada: a construção de passagens de nível é um exemplo de intervenção que vai melhorar a integração entre os bairros que margeiam a via.

Uma autonomia que depende de dinheiro, não se deve esquecer. Ao assumir o controle do trecho, a responsabilidade recairá totalmente à gestão municipal. Há muito a ser feito, inclusive obras que já estão no radar da própria prefeitura, antes da conclusão das etapas burocráticas da municipalização. Mas a viabilização de investimentos exigirá uma atuação integrada com o governo estadual e Brasília, através da bancada federal. As melhorias não virão num passe de mágica.

Municipalizar exige planejamento e recursos, e não se pode esquecer da manutenção. A pavimentação é o ponto mais crítico, mas também a limpeza e a iluminação.  É um corredor vital para o município que passará a ser uma avenida, sem que haja redução do tráfego vindo de Vitória e Vila Velha.  O poder público municipal passa a executar as melhorias, mas também a zelar pelo espaço. 

Cariacica tem tudo para sair ganhando com a nova avenida. O município deve abraçar esse corredor viário com responsabilidade, para melhorar o trânsito urbano e a qualidade de vida de quem vive nas redondezas. É uma avenida de oportunidades, mas também de desafios, que se abre para transformar a região.

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