Motociclistas são as maiores vítimas do trânsito no ES, mas podem mudar isso

Um crescimento tão considerável da frota nos últimos anos precisa estar acompanhado de ações que promovam um trânsito mais civilizado

Publicado em 28/09/2023 às 01h00
Acidente
Acidente com motociclista em Cachoeiro de Itapemirim. Crédito: Leitor A Gazeta

Enquanto o Anuário de Segurança Pública do Espírito Santo, com números referentes ao ano de 2022, revela que 49% das mortes no trânsito no Estado no período — 407 de um total 826 — foram de motociclistas, a violência sobre duas rodas segue fazendo vítimas em 2023. De acordo com o Observatório da Segurança Pública, entre janeiro e agosto foram 263 óbitos em acidentes com moto no Espírito Santo.

O boom de vendas de motocicletas que se deu durante a pandemia, impulsionado sobretudo pela necessidade de trabalho de tantos brasileiros, não se interrompeu com o passar dos anos. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou que em maio deste ano foram comercializadas 161,4 mil motocicletas, um crescimento de 21% em relação ao mesmo mês em 2022. Também informou que a venda de motos em 2023, até junho, superou a de carros de passeio.

Um crescimento tão considerável da frota nos últimos anos precisa estar acompanhado de ações que promovam um trânsito mais civilizado. Fiscalizações mais recorrentes se tornam uma necessidade, para coibir comportamentos de risco dos condutores. Um exemplo são as motocicletas com escapamentos adulterados, que produzem barulho. É mais do que poluição sonora, o que por si só já é um problema de convivência em sociedade, mas é uma prática bastante associada a motociclistas que abusam da velocidade.

No Espírito Santo, principalmente no interior, a Polícia Militar tem realizado operações para flagrar irregularidades e tirar  motocicletas barulhentas de circulação.  A retirada do silenciador do escapamento de uma moto é uma infração grave, segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Os  condutores também podem responder pelo crime de perturbação do trabalho e sossego. Nesta semana, em municípios do Norte do Estado, pelo menos nove veículos nessa situação foram apreendidos.

É no interior que estão os municípios com mais mortes. Em 2022, de acordo com o anuário, a Serra foi a cidade que liderou as estatísticas, com 35 óbitos. Mas as cinco posições seguintes foram ocupadas por municípios do interior: Cachoeiro de Itapemirim (28), Linhares (19), São Mateus (16), Nova Venécia (16) e Barra de São Francisco (16).

Há uma certa construção cultural em torno do uso do veículo, principalmente nas zonas rurais, em que a banalização do consumo de álcool e do abuso de velocidade é a regra. Não é incomum que pessoas sem habilitação façam uso de motos e carros. O mapeamento das vias onde os acidentes são mais frequentes pode contribuir para ações mais eficazes, assim o poder público pode se fazer mais presente, com radares e fiscalização recorrente. 

Mas só isso não basta. Sem a conscientização de quem está nas ruas conduzindo esses veículos, vidas continuarão sendo perdidas nas vias.

Há cada vez mais motos nas ruas e nas estradas, e isso parece ser irreversível. O número de mortes noticiadas quase diariamente está aí para mostrar que a fragilidade desse meio de transporte exige condutas exemplares dos motociclistas, para reduzir os riscos de acidentes. E um choque de ordem do poder público para conter aqueles que insistem em agir sem prudência.

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