Menos de mil homicídios no ES: vitória na segurança pública é consistente

2023 é o ano com menos assassinatos em quase 30 anos. Resultado de um trabalho de duas décadas que teve algo que faz falta na maioria das políticas públicas brasileiras: continuidade

Publicado em 03/01/2024 às 01h00
Prisão
Polícia Civil prende homem acusado de homicídio em Ecoporanga, no noroeste do Estado. Crédito: PCES

É uma vitória. Basta pensar que, desde 1996, quando teve início a série histórica, o Espírito Santo só registrou menos de mil homicídios em duas oportunidades: em 2019, com 987 casos, e neste 2023 que acaba de se encerrar, com 978. E mais: uma queda de mais de 50% na comparação com o ano mais letal desse recorte, 2009, quando se chegou a 2034 homicídios. 

2023 é, portanto, o ano com menos assassinatos em quase 30 anos. Ainda que os números continuem expressivos, mostram uma redução consistente, resultando de um trabalho de duas décadas que teve algo que faz falta nas políticas públicas brasileiras: continuidade. Essa preciosidade a que chamamos de políticas de Estado.

Os governos estaduais que se sucederam no período mantiveram o compromisso de olhar para frente, de vislumbrar uma maior capacidade de conter a violência com uma maior presença do Estado, algo que vai muito além do policiamento em áreas sob influência de criminosos, mas o próprio fortalecimento das instituições policiais, no cumprimento de seu papel investigativo. 

Obviamente, não está tudo dominado: a sociedade é testemunha com uma frequência inaceitável das guerras do tráfico, com comunidades inteiras vivem sob medo constante. Mas o front da redução dos homicídios mostra que o o bom trabalho, com investimentos bem direcionados, dá resultado. E as vitórias podem se estender para esses pontos nos quais ainda há fragilidades.

Com as estatísticas de 2023, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) divulgou o perfil dos homicídios de 2023: 65% tinham envolvimento com tráfico de drogas, 56% dos registros foram em vias públicas, 66% com características de execução, 79% com armas de fogo, 93% das vítimas eram do sexo masculino, 80% pretos e pardos. E a faixa etária: 51% das vítimas tinha entre 15 e 29 anos.

Esses dados não surpreendem, mas são valiosos na elaboração das estratégias de segurança pública. Mostram o quanto a falta de oportunidades encontra na criminalidade uma saída para tantos jovens, elevando ainda mais o desafio da redução das desigualdades. O combate à violência tem várias frentes de batalha, e muitas delas são estruturais, como a educação.

Espera-se que 2023 marque o início de uma nova era de quedas ainda mais sólidas nas estatísticas de homicídio, sem oscilações como as de 2019 para cá. A história recente do Espírito Santo mostra que isso é perfeitamente possível.

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