Invasão de condomínios: integração entre Estados é freio para esperteza de bandidos

Após ação em prédio de Vitória, no último final de semana, a Polícia Civil mostrou como quadrilha que age em todo o país é bem preparada para os roubos, caso que endossa a importância da comunicação entre as autoridades de segurança dos Estados

Publicado em 21/07/2022 às 02h00
Vitória
Câmeras de videomonitoramento mostram membros da quadrilha invadindo condomínios de luxo no ES. Crédito: Reprodução | Videomonitoramento

No último sábado (16), essa descrição ficou bastante gráfica com o flagrante captado pelas câmeras de segurança na ação da dupla que assaltou e agrediu moradores de um edifício na orla de Camburi, também na Capital: os criminosos estavam de fato bem vestidos e simulando mexer no celular, passando uma imagem de naturalidade. "Se o porteiro percebe, pulam o portão e fogem", dizia também a reportagem do ano passado. Exatamente o que as imagens da invasão do final de semana mostraram. Mas houve uma mudança substancial do roteiro: a paraguaia Tamara Romina Ramos Dias, de 18 anos, não conseguiu escapar desta vez.

A Polícia Civil afirma ter desarticulado o grupo no Espírito Santo com a prisão da jovem e deu mais informações sobre a quadrilha que age em território nacional: há registro, inclusive, de invasão de um condomínio na Bahia no qual Ivete Sangalo e Bell Marques possuem apartamentos.

Os policiais mostraram uma lista de suspeitos já identificados nas investigações, e impressiona que a maioria dos envolvidos seja jovem, com idades entre 18 e 23 anos. Os casos apurados mostram  que a quadrilha se especializou em roubos em condomínios de luxo e  escolhe os alvos a partir de dados disponíveis na internet. Também dão preferência a moradores de nacionalidades que têm a cultura de guardar dinheiro e joias em casa. Tudo é muito bem pensado e planejado.

Como dito antes, operam estrategicamente para enganar a segurança dos prédios, fazendo-se passar por moradores ou usando informações de quem vive no local para conseguir acesso às áreas internas.

É um desafio de segurança pública justamente pelo grau de aperfeiçoamento da prática criminosa. São em sua maioria jovens que não temem nem mesmo serem expostos pelas câmeras, provavelmente por migrarem com frequência de um Estado para o outro, onde não encontram obstáculos para cometerem novos crimes.

 A própria Tamara Romina, presa em Vitória, havia cometido o mesmo crime em Copacabana, no Rio, em maio passado. O que mostra o quanto é fundamental a integração entre as forças de segurança e judiciais dos diferentes entes federativos. Só com trabalho em conjunto, de compartilhamento de informações, é possível impedir que os bandidos se beneficiem da falta de comunicação entre as polícias de cada Estado.

No dia a dia, também é prudente estar mais atento. Porteiros e seguranças devem ser orientados a exigir identificação de qualquer pessoa que peça acesso ao condomínio, não se baseando em aparência ou aceitando informações desencontradas. É nos pequenos lapsos que aproveitadores encontram a chance de se dar bem.

O trabalho de investigação policial precisa estar sempre  à frente da esperteza de criminosos, que poderiam estar usando tanto empenho e organização para algo útil, sem prejudicar tanta gente. Só na ação do último sábado, foram R$ 250 mil entre dinheiro (em moeda nacional e estrangeira) e joias embolsados pelos ladrões. Foram 14 apartamentos invadidos só no Estado, entre 2020 e 2022. Só a aplicação da Justiça vai ser capaz de mostrar que o crime não compensa.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.