O otimismo não é gratuito: as doses da brasileiríssima vacina Butantan-DV, produzida pelo Instituto Butantan e aprovada recentemente pela Anvisa, vêm se juntar às da Qdenga, vacina produzida pela farmacêutica Takeda, aprovada pela Anvisa em 2023 e desde o ano passado no calendário de vacinação, como barreiras sanitárias no combate à dengue.
Antes, só estava disponível no Brasil a Dengvaxia, que não chegou ao SUS e era uma vacina destinada somente a quem teve infecção prévia comprovada por dengue. Nunca foi considerada uma estratégia eficiente de enfrentamento. Com as duas novas vacinas na linha de frente, a capacidade de imunização da população pode ser significativa. E isso tem tudo para significar um controle maior dos ciclos mais violentos da epidemia.
No que diz respeito à dengue, o ano de 2025, felizmente, está longe de ser um daqueles marcados por explosões de casos e números expressivos de mortes, tanto no Espírito Santo quanto no Brasil. Mas essas tréguas costumam ser curtas, duram entre dois e quatros anos, com os ciclos endêmicos e epidêmicos da doença.
Só para fazer uma comparação com 2024, considerado o pior ano da epidemia no Brasil, com mais 6,4 milhões de casos contabilizados e 5,9 mil mortes, 2025 até novembro registrava 1,6 milhão de casos e 1,6 mil mortes. No Espírito Santo, uma morte foi confirmada. A dengue foi bem menos virulenta, mas ainda levou gente demais. E a vacina se transforma em uma nova protagonista.
O imunizante do Butantan será distribuído exclusivamente pelo SUS, gratuitamente. Por ser uma vacina de dose única, a primeira do mundo, não depende da adesão do imunizado em uma segunda dose para ter eficácia, além de proteger contra os quatrro sorotipos. E a indicação da Anvisa inicialmente é para pessoas de 12 a 59 anos
O Ministério da Saúde informou que o público prioritário será composto por pessoas de 59 anos, e a imunização será expandida gradualmente para as demais faixas etárias até chegar ao público de 15 anos de idade. A Qdenga continuará sendo destinada a adolescentes de 10 a 14 anos.
Os instrumentos para combater essa doença que há décadas assola o país estão disponíveis. O desafio do Ministério da Saúde será promover o engajamento da população nessa estratégia. A população das cidades em que haverá imunização devem se comprometer com esse ato que pode salvar vidas.
Nunca estivemos tão preparados para combater a doença, não só pelas vacinas que chegam, mas porque também sabemos há muito tempo o que fazer para reduzir o foco do mosquito transmissor, tanto o poder público quanto a própria população têm suas responsabilidades. Com racionalidade, essa guerra pode começar a ser vencida.
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