Cidades do ES precisam dar vazão e transparência a estoques de vacina

É bem-vinda a nova regra de não contemplar nas novas remessas as cidades com taxa de utilização dos lotes de primeira dose abaixo de 70%, ao pressionar prefeituras a acelerar aplicação do quantitativo já recebido

Publicado em 19/06/2021 às 02h00
Chegada de lote de vacinas da Pfizer ao Espírito Santo, no dia 18 de junho
Chegada de lote de vacinas da Pfizer ao Espírito Santo, no dia 18 de junho. Crédito: Sesa/ Divulgação

Com a normalização da produção da Coronavac e da AstraZeneca no Brasil, a chegada de lotes mais robustos da Pfizer e a iminência da adoção de novas vacinas, como Janssen e Sputnik V, o país finalmente começa a vencer um dos obstáculos para o avanço da imunização contra a Covid-19, que é a disponibilidade de doses. Falta ainda superar desafios logísticos na ponta do processo, nas unidades de saúde, que impedem que vacinas já distribuídas cheguem rapidamente ao braço dos brasileiros.

A urgência necessária à imunização, único caminho para que o mundo saia da crise sanitária, não é compatível com estoques de vacinas nos municípios, tão perto e ao mesmo tempo tão longe da população. É bem-vinda, portanto, a medida adotada pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo (Sesa) de não contemplar nas novas remessas as cidades com taxa de utilização dos lotes de primeira dose abaixo de 70%.

É uma forma de pressionar as prefeituras a dar agilidade à aplicação do quantitativo já recebido. A medida soma-se a distintas soluções praticadas no país, como a chamada fila da "xepa", em São Paulo, lista de espera para pessoas acima de 18 anos que tem o objetivo de não desperdiçar doses remanescentes.

Em maio, as cidades do país levavam em média 20 dias para aplicar vacinas já distribuídas pelo governo federal aos Estados. O processo ficou ainda mais lento do que no mês anterior, quando a média era de 18 dias. Os motivos para a perda de ritmo incluem a escassez do IFA, que atrasou a fabricação e, consequentemente, a entrega de doses. No entanto, esse fator atrasou a aplicação do reforço. Na primeira aplicação, o diagnóstico da lentidão aponta que as principais razões são tropeços e reveses das próprias prefeituras em operacionalizar o plano de imunização, sobretudo com a exigência de checagem de laudos de comorbidade.

Desde que o governo do Estado autorizou a vacinação por faixa etária, os municípios voltaram a acelerar o passo, mas alguns ainda mantêm grupos prioritários sem atingir a meta de imunização, mesmo com vacina nas prateleiras. Além de não proteger a população o mais rápido possível, corre-se o risco de as vacinas em estoque perderem a validade.

A vacinômetro adotado pela Sesa começou a valer já nesta semana, com a nova remessa da Pfizer, que soma quase 50 mil doses. Apenas Colatina, no Norte do Espírito Santo, com taxa de utilização dos lotes de D1 abaixo de 70%, vai ficar de fora da distribuição do lote. A prefeitura da cidade assegura que as doses foram aplicadas e alega que a discrepância nos dados deve-se à instabilidade nos serviços de internet, que impossibilitaram o registro das informações.

A partir da próxima semana, a Sesa aumenta a nota de corte para 80% de utilização das doses recebidas. É um alerta claríssimo para as administrações municipais, que devem não apenas imprimir mais velocidade à aplicação, ajustando protocolos e reforçando o treinamento de servidores, como também dar visibilidade aos números, corrigindo empecilhos técnicos. Em meio a uma pandemia que ceifa tantas vidas, as máximas do serviço público de eficiência e transparência precisam mais do que nunca ser seguidas à risca.

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