
Com a conclusão do inquérito da morte de Danilo Matos Lipaus, de 20 anos, morto durante abordagem policial em Colatina em fevereiro deste ano, algumas considerações sobre a tragédia são necessárias, principalmente no que diz respeito à atuação dos policiais militares. Por mais que a situação tenha saído de controle, com o elevado nível de estresse durante a perseguição ao jovem pelas ruas, os 49 disparos (cinco deles atingiram o rapaz) permanecem injustificáveis.
O que a sociedade espera é que os policiais militares, na defesa da lei e da ordem, sejam treinados para agir com autocontrole, o que os torna capazes de fazer a correta leitura dos momentos de crise. O enredo da perseguição ao jovem foi construído com imagens de videomonitoramento nas ruas de Colatina e registros de áudio da operação policial, que teve início com uma confusão dos policiais na identificação de uma caminhonete: eles estavam atrás de suspeitos de participarem de um assalto com uma Chevrolet S10 branca três dias antes, em Águia Branca. Danilo estava em uma Fiat Strada da mesma cor.
Uma situação que se tornou mais crítica com a recusa de Danilo em parar ao ser interpelado. Foram três fugas do condutor em três tentativas de abordagem da polícia. Na quarta, ele foi morto, após os tiros dos policiais serem interpretados como "troca de tiros" por outra viatura. Vale repetir: policiais precisam estar preparados para situações nas quais precisam atirar, sobretudo quando estão em perigo. Mas os 49 disparos são um sinal de descontrole.
A Polícia Militar no Espírito Santo segue o Método Giraldi, instituído na corporação desde 2002, com treinamentos para garantir a segurança no uso de armas durante as ações policiais de forma defensiva, para priorizar a preservação da vida. Um método importante na consolidação de uma cultura de condutas da tropa dentro da lei. Portanto, é importante que não haja impunidade para aqueles que falham em seguir suas premissas.
Muitos podem dizer que o jovem não deveria ter desobedecido a ordem policial. Isso é certo, mas nem mesmo o mau comportamento do motorista, desarmado, justifica uma abordagem com tamanha violência. A tragédia precisa servir de exemplo de como não conduzir uma perseguição, para que não se repita.
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