Publicado em 14 de maio de 2020 às 18:38
O pacote de ajuda via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) às três grandes companhias aéreas que atuam no país deve ser de cerca de R$ 4 bilhões.>
O valor foi confirmado na tarde desta quinta-feira (14) pelo presidente da Azul Linhas Aéreas, John Rodgerson, em conferência com jornalistas.>
Os detalhes serão discutidos em reunião com o BNDES ainda na tarde desta quinta-feira, mas a previsão é que o montante destinado a cada empresa não deva superar R$ 2 bilhões, num plano desenhado por bancos, com coordenação do BNDES.>
"Ainda tem muita coisa aberta, teremos uma call com o BNDES para entender melhor a proposta. [O valor é] Bem menor do que o previsto, anunciado, e será igual pelas três [Azul, Gol e Latam]", disse Rodgerson.>
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A negociação das aéreas com o BNDES tinha travado por causa do valor das ações. O banco estatal queria pagar o valor de mercado nos papéis, mas as companhias aéreas queriam que o preço estabelecido fosse aquele anterior à desvalorização de suas ações na pandemia.>
A negociação era conduzida pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) nos casos de Latam e Gol, mas com o entrave as empresas as retomaram de maneira individual. Cada empresa recebeu nesta quarta-feira (13) uma proposta diferente do BNDES. "As empresas têm ações na Bolsa, e o mercado está aberto. [Por isso,] não podemos comentar por enquanto", disse o BNDES.>
Questionado sobre quanto a companhia almeja do volume total, ele afirmou que não é possível saber no momento quanto tempo a crise vai durar, mas que, quanto mais acesso a capital, melhor.>
"Fizemos nossos planos com juros do governo e sem juros do governo. Temos de estar prontos para ambos. Até um mês atrás, o número foi um e agora é outro. Temos de estar preparados para qualquer cenário. Tivemos queda brutal em nossa demanda", disse.>
Segundo ele, quando uma aérea deixa de voar, há impacto em muitos setores, como fabricação de aeronaves e operação de aeroportos. "Pouco a pouco vamos construir a Azul de onde estávamos antes.">
O governo costura desde abril com bancos privados, fundos de investimento e o BNDES um plano de socorro a grandes empresas atingidas pela pandemia do novo coronavírus.>
Pelo plano, serão oferecidos a empresas que têm ações negociadas na Bolsa instrumentos de dívidas conversíveis em ações, o que significa que bancos poderiam ficar com uma fatia da companhia caso ela não tenha condições de pagar o empréstimo ao fim do prazo.>
As aéreas negociavam cerca de R$ 8 bilhões. Estimativas de bancos apontam que elas podem estar queimando até R$ 100 milhões em caixa por dia com a crise.>
Segundo a Azul, a malha aérea em junho dependerá do comportamento da demanda, e a empresa age com conservadorismo no momento.>
"Antigamente, em casos normais, sempre definia a malha com antecedência. Hoje os clientes estão comprando em cima da hora porque a situação meio que é isso. A gente também está tomando decisões de malha, mas de curto prazo", disse Alex Malfitani, vice-presidente financeiro da Azul.>
Além do BNDES, Malfitani disse que há várias negociações em andamento com outros bancos, mas nada que a empresa possa revelar no momento. De acordo com ele, de 75% a 80% da dívida bruta total da companhia se refere a leasings de aeronaves, pagamentos mensais que vencem nos próximos 12 anos.>
A expectativa dele, porém, é que a normalidade no setor volte entre 18 e 24 meses. "É nossa visão atual, mas a incerteza está enorme. Muito difícil prever o Brasil em 18 ou 24 meses, hoje em dia é mais difícil ainda. É o cenário que trabalhamos como mais provável, mas temos vários cenários, mais otimistas que esse e mais pessimistas que esse. E para cada um deles temos uma estratégia. Trouxemos o poder de decisão para curto prazo. Se a gente errar e o cenário for melhor ou pior a gente tem como se adaptar.">
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