Publicado em 7 de outubro de 2025 às 11:05
SÃO PAULO - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (7) que vai tentar nesta semana marcar uma conversa com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O político cumprirá sua agenda de encontros de outono no país norte-americano neste mês de outubro, o que incluirá a reunião do G20, do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional).>
"Pode ser que nós encontremos espaço para uma nova conversa com Scott Bessent", afirmou durante entrevista no programa Bom Dia, Ministro, no Canal Gov. "Devo fazer até o final da semana um movimento para saber da disponibilidade, do interesse.">
Haddad diz que, primeiro, precisa ver se Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA escalado pelo presidente Donald Trump para continuar negociações com autoridades brasileiras, vai querer conversar sobre o assunto primeiro com Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil.>
Nesta segunda (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Trump conversaram por telefone sobre questões comerciais. O presidente do Brasil pediu a retirada do tarifaço no primeiro contato desde a conversa de menos de um minuto entre os dois na Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).>
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O ministro da Fazenda disse que a expectativa dos dois presidentes é "virar essa página equivocada", de estranhamento entre os países por questões ideológicas. "Dois Estados como o Brasil e os Estados Unidos têm que manter uma relação. São dois países com uma longa tradição de cooperação", afirmou.>
Segundo ele, as altas tarifas contra o Brasil foram uma questão política, e não econômica. Haddad ainda contou que, durante o telefonema, Lula disse a Trump que "um país soberano tem o direito de proteger sua economia, de querer adotar uma política A, B ou C, e não vou ser eu a julgar a política do outro país", caso elas sigam as regras internacionais.>
Os principais argumentos brasileiros para retirar o tarifaço, segundo Haddad, envolvem dizer que os americanos estão sofrendo mais com as tarifas, considerando que o café ficou mais caro e que alguns setores da indústria estão com prejuízos.>
O ministro também disse que o Brasil é um dos únicos países do G20, junto com a Austrália e a Inglaterra, com os quais os Estados Unidos têm superávit. Além disso, segundo ele, a América do Sul tem uma relação deficitária com o país norte-americano, e a região representa grandes oportunidades de investimento, por exemplo, com terras raras, minerais críticos e energia limpa.>
Haddad ainda disse que o governo brasileiro não irá alterar a estratégia de negociação com o país norte-americano. "Nossa estratégia está dando certo. Acreditamos que a diplomacia brasileira, uma das melhores do mundo, vai dar conta disso", afirmou.>
Apesar disso, afirma que foi importante a diversificação de exportações brasileiras nesse período, para que o país não ficasse dependente dos EUA e nem fosse prejudicado por isso. "Quanto mais parceiros comerciais, melhor", disse, citando a Indonésia e a União Europeia.>
Haddad não acredita que o tarifaço traga um impacto macroeconômico importante, mas sim no micro, ou seja, com algumas empresas sofrendo. "Por isso criamos o Plano Brasil Soberano", comentou.>
Sobre o Imposto de Renda, o ministro voltou a afirmar que espera que o Senado aprove a proposta, que passou pelo Congresso na semana passada, ainda em outubro. "Essa ideia foi muito inovadora. Foi quase um ano de trabalho interno", afirmou.>
Questionado sobre a MP (Medida Provisória) 1303, que aumenta impostos, Haddad abriu espaço para a negociação durante a votação. Ela estava prevista para caducar nesta quarta-feira (8), mas Haddad acredita que isso não vai acontecer.>
Já sobre a COP 30, que acontece em novembro em Belém (PA), o ministro disse que a principal entrega que o Brasil pretende no evento é o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre).>
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