Publicado em 23 de março de 2020 às 18:26
Apesar de grandes pacotes de estímulo de bancos centrais, índices acionários fecharam em queda pelo segundo pregão seguido nesta segunda-feira (23).>
A Bolsa brasileira caiu 5,22%, a 63.569 pontos, menor patamar desde julho de 2017. O dólar subiu 2,17%, a R$ 5,1352, maior valor desde quarta (18), quando bateu o recorde de R$ 5,20.>
Segundo analistas, o mercado foi frustrado pela dificuldade do governo de Donald Trump aprovar o pacote e estímulo econômico de cerca de US$ 2 trilhões em resposta à crise do coronavírus no Senado americano.>
A medida, em debate na casa, foi barrada por democratas em duas votações. Eles alegam que o pacote é desproporcional por focar em companhias e teria que dar mais assistência a famílias e prestadores de serviço de saúde.>
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Sem um acordo entre democratas e republicanos, Dow Jones caiu 3,04% e S&P 500, 2,93%, Nasdaq teve leve queda de 0,27%.>
Segundo James Bullard, presidente do banco central de St. Louis, nos Estados Unidos, o coronavírus pode levar a taxa de desemprego americana para o recorde de 30%.>
Para o banco Morgan Stanley, o desemprego pode ir à média de 12,8% no segundo trimestre deste ano, quando a economia americana encolheria 30% e levaria o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA em 2020 para o menor patamar em 74 anos.>
De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o mundo vai passar em 2020 por uma recessão no mínimo tão ruim tão grave quanto a da crise global de 2008 ou pior.>
A diretora-executiva do FMI, Kristalina Georgieva, afirmou que espera recuperação em 2021, mas que para isso é preciso fortalecer os sistemas de saúde e priorizar a contenção do contágio no mundo todo.>
"Quanto mais rápido pararmos o coronavírus, mais rapidamente e com mais força nos reergueremos", afirmou em comunicado divulgado depois de reunião entre ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).>
Nesta segunda, bancos centrais anunciaram grandes pacotes para prover liquidez aos mercados. Nos EUA, o Fed, banco central americano, anunciou expansão dos empréstimos, a juro próximo de zero, com o objetivo de desbloquear os mercados de crédito que travaram na semana passada.>
O Fed também disse que as aquisições de títulos do Tesouro e hipotecárias que aprovou nos últimos dias são ilimitadas. Apenas nesta semana, serão comprados US$ 375 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 250 bilhões em títulos hipotecários.>
O banco central também anunciou que começaria a adquirir títulos comerciais lastreados por hipotecas emitidos por entidades garantidas pelo governo, que consistem basicamente de títulos de dívida caucionados por edifícios de apartamentos.>
"Embora ainda exista grande incerteza, se tornou claro que nossa economia enfrentará grandes perturbações. Esforços agressivos devem ser realizados pelos setores público e privado a fim de limitar as perdas de empregos e renda e para promover uma recuperação acelerada quando as perturbações se forem", disse o banco.>
Em movimento semelhante, o Banco Central (BC) do Brasil e o CMN (Conselho Monetário Nacional) autorizaram que bancos captem dinheiro por depósitos a prazo usando o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) como garantia, o que permitiria uma expansão da concessão de crédito em cerca de R$ 200 bilhões.>
O CMN também autorizou que o BC conceda empréstimos a instituições financeiras garantidos em debêntures adquiridas entre 23 de março e 30 de abril de 2020.>
O BC reduziu novamente a alíquota de depósitos compulsórios dos bancos de 25% para 17%, o que também ajuda a elevar a liquidez dos bancos. A estimativa é que a mudança resulte numa liberação de R$ 68 bilhões a partir do dia 30 de março.>
De acordo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, todas as ações podem ter um impacto de R$ 1,2 trilhão.>
"Os bancos centrais tornam a crise mais palatável, mas não acabam com a crise. O mercado entende e vê força essa atuação, mas entende que falta mais para que a situação seja resolvida", diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.>
Em entrevista à imprensa para comentar as medidas, Campos Neto disse ainda que o banco tem um "arsenal muito grande na parte do câmbio, um poder de intervenção muito amplo", mas ressaltou que a moeda é flutuante.>
Nesta segunda, o BC vendeu US$ 739 milhões em três leilões à vista para reduzir a alta do dólar, que chegou a R$ 5,143, mas fechou a R$ 5,1352. O turismo está a R$ 5,3481 a venda. Em algumas casas de câmbio, é vendido acima de R$ 5,41.>
No domingo (22), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou transferência de recursos do fundo do PIS-Pasep para o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), suspensão temporária de pagamento de financiamentos e ampliação do crédito para micro, pequenas e médias empresas, via bancos parceiros. As medidas que totalizam R$ 55 bilhões.>
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