Publicado em 4 de maio de 2020 às 18:21
O Banco Central regulamentou, nesta segunda-feira (4), o open banking, ou Sistema Financeiro Aberto, plataforma pela qual o consumidor poderá compartilhar seus dados financeiros com outras instituições em busca de condições de crédito melhores.>
O objetivo é que o cliente consiga empréstimos mais baratos, o que aumenta a concorrência no setor.>
Na prática, por meio de uma plataforma, ele terá acesso aos produtos financeiros de outras instituições e poderá escolher o mais vantajoso. Para isso, ele precisará ceder dados pessoais e bancários.>
O consumidor poderá escolher se quer ou não compartilhar suas informações.>
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"A regulamentação do open banking era tema prioritário. [O sistema] entre outros objetivos visa empoderar o consumidor de produtos financeiros. Cabe a ele compartilhar ou não suas informações com agentes do ecossistema", disse o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso.>
Para Damaso, a medida pode ajudar a reduzir spread -diferença entre a taxa de captação de recursos e a taxa cobrada em financiamentos.>
"A instituição pode oferecer o serviço a ele e pedir o consentimento, ou ele mesmo pode ir atrás do produto e pedir que seus dados sejam compartilhados", disse João André Pereira, chefe do Departamento de Regulação do BC.>
Apenas os grandes bancos serão obrigados a entrar no sistema.>
Já os menores e outras empresas, como administradoras de meios de pagamentos e fintechs, poderão optar por participar, desde que também forneçam informações.>
A plataforma será gerida pelo próprio mercado, mas terá de seguir o padrão estabelecido pela autoridade monetária.>
"A medida incentiva a inovação financeira, principalmente para as fintechs [empresas de tecnologia ligadas ao setor financeiro], e pode aumentar competitividade e eficiência do segmento", disse Damaso.>
O BC ainda publicará regra para determinar qual será o nível de detalhamento das informações que serão compartilhadas.>
A implementação do open banking será feita em fases. A primeira entrará em vigor em 30 de novembro, quando os bancos terão de fornecer informações de seus produtos e serviços, além de canais de atendimento.>
Depois, será feito o compartilhamento entre instituições participantes de informações de cadastro de clientes e de representantes, assim como de dados de transações dos consumidores.>
Esta segunda fase começará a valer a partir de maio de 2021.>
Em agosto de 2021, os bancos começarão a compartilhar serviços de pagamentos e a implementação termina em outubro do mesmo ano, com a expansão do escopo de dados para operações de câmbio, investimentos, seguros e previdência complementar aberta, por exemplo.>
Outros países já adotaram o open banking, como Reino Unido e Austrália.>
"Aqui, o mercado fará autorregulação atendendo ao mínimo de dados e serviços determinado pelo regulador", disse Pereira.>
Pela norma, as instituições poderão fazer 120 acessos gratuitos por mês dos dados transacionais dos clientes e dois acessos por semana de dados cadastrais. Os dados de pagamentos serão ilimitados.>
O cronograma de implementação da medida não foi alterado por causa da pandemia do novo coronavírus.>
"Pagamentos instantâneos e open banking são estruturantes, e o BC já permitiu a extensão de prazo de outras agendas, mas a decisão para esses dois pilares é manter cronograma, acreditamos que é totalmente factível de execução neste período", disse o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, João Manoel Pinho de Mello.>
O BC também regulamentou a duplicata eletrônica.>
Autorizada em lei em dezembro de 2018, a medida aguardava norma do CMN (Conselho Monetário Nacional) e da autoridade monetária para ser operacionalizada.>
A regra determina que as duplicatas sejam registradas em ambiente digital centralizado. Antes, os títulos eram emitidos em papel e eram dispersos.>
A duplicata é um título emitido a partir da comercialização de uma mercadoria ou serviço a prazo. Na operação, o vendedor pode extrair uma duplicata. Sua emissão é facultativa, mas é uma opção para o credor que quer fazer o crédito circular.>
O documento é um comprovante do valor a receber.>
"Da forma como é hoje, a duplicata não contribui para o mercado de crédito. Ela não é formalizada e traz série de questionamentos quanto à segurança e à duplicidade, por isso, os bancos não a utilizam como garantia", disse Damaso.>
Com a mudança, o título será registrado e monitorado em ambiente digital, que será gerenciado por uma entidade escrituradora regulada e fiscalizada pelo BC.>
A duplicata passa a ser um ativo financeiro e poderá ser dada em garantia de empréstimo. "A nova regra traz diminuição de taxas de juros, porque aumenta a qualidade da garantia", afirmou o diretor.>
A autoridade monetária não tem estimativa de potencial de geração de crédito da medida.>
Ainda será aprovada uma convenção específica entre as escrituradoras. Para empresas de grande porte (faturamento anual acima de R$ 300 milhões), a medida entra em vigor a partir de 360 dias após a aprovação, pelo BC, da convenção.>
Para empresas de médio porte (faturamento anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões), a medida começa a valer 540 dias após a aprovação da convenção, e, para empresas de pequeno porte (faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões), 720 dias depois da aprovação.>
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