Graduado em Economia pela Ufes, com MBA em Gestão Financeira e Controladoria pela FGV e MBA em Digital Business pela USP. Atua há 15 anos no mercado financeiro e atualmente é diretor do Banestes.

Títulos públicos: entenda os tipos e os riscos envolvidos

Veja como inflação, juros e liquidez podem impactar seus títulos públicos e quais alternativas são mais adequadas para curto, médio e longo prazo

Vitória
Publicado em 18/11/2025 às 09h06

Os títulos públicos federais emitidos pelo Tesouro Nacional funcionam como instrumentos de captação de recursos para financiar as atividades governamentais. No mercado brasileiro, eles são considerados investimentos de baixo risco devido à garantia oferecida pelo próprio governo federal. Porém, como salientado por entidades como o Tesouro Nacional e o Banco Central, nenhum investimento está totalmente isento de riscos. Portanto, é crucial entender as particularidades de cada título e os riscos envolvidos para que se tome decisões de investimento mais bem informadas.

No âmbito do Tesouro Direto, os investidores encontram três categorias de títulos: prefixados, pós-fixados à taxa Selic e indexados à inflação (IPCA+). Cada uma dessas categorias reage de forma distinta às condições econômicas do país.

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Prefixados, Selic e IPCA+:  marcação a mercado pode afetar seus investimentos em títulos públicos. Crédito: Freepik

Os títulos prefixados possuem uma taxa de juros fixa no momento do investimento, garantindo ao investidor o conhecimento exato do valor a ser recebido no vencimento, desde que o investimento seja mantido até o final do prazo. No entanto, se houver um aumento nas taxas de juros da economia, esses títulos podem perder valor se forem vendidos antes do vencimento devido à marcação a mercado, que faz com que o preço dos títulos oscile diariamente conforme as expectativas desse mesmo mercado. É importante ressaltar que tais variações refletem as negociações no mercado secundário, podendo resultar em ganhos ou perdas no caso de resgate antecipado.

Os títulos atrelados à taxa Selic, como o Tesouro Selic, acompanham a taxa básica de juros da economia. Eles tendem a ser mais estáveis, pois sua rentabilidade aumenta conforme a Selic sobe, minimizando o impacto das flutuações de preço. Dessa forma, são considerados adequados para objetivos de curto prazo e para a reserva de emergência, embora ainda exista um risco de mercado em caso de venda antes do vencimento, que é menor se comparado aos demais títulos.

Por outro lado, os títulos indexados à inflação, conhecidos como Tesouro IPCA+, oferecem uma rentabilidade composta pela variação do IPCA mais uma taxa de juros fixa. Eles protegem o poder de compra ao longo do tempo e são frequentemente utilizados para objetivos de longo prazo. Contudo, assim como os prefixados, o valor de mercado desses títulos pode oscilar significativamente diante de mudanças nas expectativas de inflação ou de juros, especialmente em cenários de instabilidade econômica.

Além dos riscos associados às flutuações de preço, existem outros fatores a serem considerados. O risco de crédito, que se refere à possibilidade de o emissor não honrar o pagamento. No caso dos títulos públicos federais, esse risco é mínimo, uma vez que o emissor é o governo brasileiro. No entanto, essa garantia não elimina completamente a possibilidade teórica de inadimplência, embora seja pouco provável.

Outro ponto a ser destacado é o risco de liquidez. Apesar de o Tesouro Direto permitir resgates diários, o preço de venda é determinado pelas condições de mercado e pelas taxas em vigor. Assim, em momentos de volatilidade, o investidor pode incorrer em prejuízos ao liquidar o título antes do prazo.

Por fim, é crucial considerar o risco de inflação. Nos títulos prefixados ou no Tesouro Selic, uma inflação alta pode diminuir o ganho real do investimento. Já nos títulos indexados ao IPCA, esse risco é mitigado pela correção inflacionária embutida na remuneração.

Em resumo, os títulos públicos são ferramentas essenciais para investidores em busca de segurança e previsibilidade, embora não estejam isentos de riscos. As informações fornecidas pelo Tesouro Nacional, pelo Banco Central e pela ANBIMA enfatizam a importância de compreender os mecanismos de remuneração e os fatores que impactam o preço dos títulos ao longo do tempo. Avaliar o prazo, o objetivo financeiro e a tolerância ao risco é crucial para tomar decisões alinhadas ao perfil do investidor e às condições econômicas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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