"Tomando nosso cafezinho tributário, que anda amargo com uma alíquota de 34%". Foi com esse tom de realidade que iniciei um bate-papo essencial com a advogada tributarista Efigênia Brasilino (clique aqui para assistir na íntegra). O tema não poderia ser mais urgente: como as empresas devem se planejar para o próximo ano, considerando o início da transição da reforma tributária já em janeiro.
Muitos empreendedores ainda veem o pagamento de impostos como uma fatalidade gerida automaticamente pela contabilidade. No entanto, a falta de um planejamento estratégico pode estar corroendo a margem de lucro de indústrias, comércios e prestadores de serviços.
Segundo a dra. Efigênia, existe uma diferença crucial entre a contabilidade tradicional e o planejamento tributário. "A contabilidade cuida dos números do dia a dia, mas, muitas vezes, não enxerga as oportunidades de mercado ou projeções futuras," explica a especialista.
Para indústrias no Lucro Real, por exemplo, há oportunidades de deduções que muitas vezes passam despercebidas, como seguros, aluguel e até energia elétrica. Já no setor de serviços, especialmente na área médica, a migração para o Lucro Presumido e a equiparação hospitalar podem ser saídas vitais para fugir do "Fator R" do Simples Nacional, que onera a folha de pagamento.
Para quem atua no comércio e no e-commerce, o cenário capixaba oferece vantagens competitivas que o restante do país inveja. "O Espírito Santo é conhecido como um oásis de benefício fiscal", destaca Brasilino.
Enquanto a maioria das indústrias está no Rio de Janeiro ou São Paulo, o Espírito Santo oferece reduções agressivas de ICMS (chegando a cargas efetivas de 1,1% em alguns casos) para varejistas.
A grande questão hoje é o timing. Com a reforma tributária, esses benefícios têm data para acabar: 2033. "Quem aproveitar agora, cria caixa e cresce. Quem esperar, vai ver o concorrente ganhar mercado," alerta a advogada.
Portanto, o alerta vermelho acende agora, na virada para 2026. A partir de janeiro, começa o período de transição com a padronização das notas fiscais. O risco jurídico é alto: se a empresa não organizar seus dados desde já, em 2027 — quando a nova alíquota começar a valer de fato — poderá pagar muito mais imposto por não conseguir comprovar seus créditos corretamente.
Além disso, há o olhar para o passado. Empresas podem recuperar créditos de PIS, COFINS e ICMS dos últimos 5 anos, valores que podem ser cruciais para compor o Fundo de Desenvolvimento Regional, uma espécie de indenização futura pela perda dos benefícios fiscais.
Apesar da importância do planejamento tributário, não adianta apenas economizar no imposto se o caixa da empresa dorme parado ou mal investido. Durante nossa conversa, destaquei um ponto onde vejo muito dinheiro sendo desperdiçado: a gestão de liquidez.
Muitas empresas mantêm volumes robustos em conta corrente ou em aplicações tradicionais que cobram IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) regressivo nos primeiros 30 dias. Para o fluxo de caixa ágil das empresas, isso é bem negativo.
A solução que utilizamos na assessoria de investimentos são as Operações Compromissadas. Diferente de um produto de liquidez comum, elas são isentas de IOF, permitindo que o caixa renda mais diariamente para períodos curtos.
Hoje, já dispomos de automação para isso: o dinheiro entra na conta, é aplicado automaticamente e, se não for usado, dorme rendendo. No dia seguinte, está disponível. É a eficiência financeira complementando a eficiência tributária.
O recado final é claro: não seja pessimista com a Reforma, mas seja estratégico. O contador, o advogado tributarista e o assessor de investimentos devem atuar em conjunto.
Se você quer que sua empresa sobreviva e cresça até 2033, a hora de revisar seus números é agora. Clique aqui e veja a entrevista na íntegra.
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