O anúncio da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos EUA, através de uma carta pública ao presidente Lula, pegou o mercado de surpresa e se tornou a notícia mais impactante dos últimos tempos. O mercado reagiu fortemente, primeiro à declaração de Trump, no meio da tarde de quarta-feira (9), de que o Brasil “não está sendo bom para nós”. Algumas horas depois, com a confirmação da nova tarifa, o dólar subiu fortemente e a bolsa acompanhou, em queda.
É importante entender os impactos da tarifa de 50% nos nossos negócios e de que forma isso pode se disseminar por diversos setores da economia e até no bolso do brasileiro.
O Espírito Santo, caso seja mantida a tarifa nesse patamar, será fortemente afetado, já que os Estados Unidos são o principal destino das nossas exportações, principalmente nos setores de minério, celulose, rochas ornamentais, assim como o café (especialmente conilon), frutas, especiarias e petróleo.
Alguns desses produtos terão dificuldades de encontrar novos compradores em outros países, portanto é provável que alguns setores tenham uma diminuição drástica no nível de vendas e, consequentemente, sejam obrigados a diminuir sua produção. Na última linha, isso pode gerar demissões e impacto no nível de emprego e renda.
Outro ponto de preocupação é o dólar. Uma das formas do real manter o seu valor é obter dólares no exterior através da exportação de produtos. Como a nossa balança comercial é superavitária, há uma tendência no médio prazo de manutenção do poder de compra da nossa moeda pelo fluxo positivo de divisas. Por isso o dólar subiu rapidamente, assim que saiu a notícia.
Dólar alto não é indesejável apenas para quem vai viajar ou importar produtos. Ele também afeta um dos nossos principais problemas: a inflação. A Taxa Selic em altíssimos 15% ao ano tem o objetivo de trazer a inflação, que está alta, para dentro da meta do Banco Central. Se o dólar sobe, a contaminação é inevitável nos preços de itens cotados no mercado internacional, dificultando a tarefa do Bacen e ajudando a manter a taxa alta por mais tempo.
Temos que levar em consideração que os Estados Unidos não são o principal parceiro comercial do Brasil, posto que é ocupado pela China. Ainda assim, correspondem a cerca de 12% a 15% das exportações brasileiras, o que os torna compradores relevantes e, no caso do Espírito Santo, fundamentais.
No fim das contas, uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os EUA pode inviabilizar importantes setores da economia capixaba e afetar seriamente muitos outros. Haverá um impacto negativo nos empregos e na renda. Pode trazer alguma influência para o dólar e, consequentemente, para a inflação, o que seria sentido por toda a população.
É muito importante que de alguma forma haja negociações que levem a resultados positivos. Nossa posição é frágil, porque dependemos mais deles do que eles de nós. Isso é um fato. Sem entrar no mérito da decisão que eles tomaram, isso tudo nos atinge em cheio, o que faz a nossa urgência em sair dessa situação ser muito maior.
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