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Setores exportadores do ES reagem a tarifa imposta por Trump: 'Arbitrária'

Setores exportadores do ES reagem a tarifa imposta por Trump: 'Arbitrária'

Entre os setores mais expostos à nova taxação de 50% estão aço, rochas ornamentais, papel e celulose, minério e café

Publicado em 9 de julho de 2025 às 20:44

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o anúncio das tarifas recíprocas para diversos países
Trump anunciou elevação para 50% da tarifa de importação para produtos brasileiros Crédito: MARK SCHIEFELBEIN/AP

Setores exportadores do Espírito Santo manifestaram preocupação após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a elevação para 50% da tarifa de importação para produtos brasileiros. O país norte-americano é o principal destino dos produtos capixabas, representado 33,9% do que foi exportado de janeiro e junho deste ano. 

Entre os setores mais expostos à nova taxação estão aço, rochas ornamentais, papel e celulose, minério e café – todos com forte peso na estrutura econômica capixaba. 

Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) considerou a tarifa de 50% de "arbitrária". Já a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) considera que a medida ameaça o desempenho das empresas e compromete uma cadeia produtiva que gera cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no país.

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Setores exportadores do ES reagem a tarifa imposta por Trump: 'Arbitrária'

"Trata-se de uma medida extremamente severa, tomada com base em interesses político-partidários internos e que rompe com os princípios fundamentais que regem o comércio internacional", afirmou Paulo Baraona, presidente da Findes.

Baraona detalha que o Espírito Santo possui uma das economias mais abertas do Brasil, altamente integrada ao mercado externo. Ele considera que essa abertura, que é uma das forças do desenvolvimento socioeconômico capixaba, torna também o Estado mais vulnerável a decisões unilaterais e protecionistas como a adotada por Trump.

"Medidas desse tipo comprometem a previsibilidade das relações comerciais, criam instabilidade nos mercados e colocam em risco cadeias produtivas inteiras, com reflexos diretos no emprego, na arrecadação e no crescimento econômico regional. A relação comercial entre Espírito Santo e EUA é historicamente sólida e relevante", defende.

O presidente da Findes lembra que, somente no ano passado, foram exportados US$ 3,06 bilhões e importados US$ 2,05 bilhões na relação comercial com os Estados Unidos – saldo positivo para o Espírito Santo que passa a ser "ameaçado por uma política comercial arbitrária". 

"A Findes considera inaceitável que decisões comerciais sejam tomadas com base em disputas políticas internas, desconsiderando os impactos concretos sobre economias inteiras. Reafirmamos a importância do diálogo diplomático e da construção de soluções que respeitem as regras do comércio global", diz Baraona.

Sinal de alerta

Para a Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) a medida imposta por Trump representa um sinal de alerta para o equilíbrio das relações comerciais entre os dois países e atinge diretamente o setor de rochas naturais, cuja pauta exportadora tem nos Estados Unidos seu principal destino.

Segundo o Centrorochas, em 2024, o mercado norte-americano respondeu por 56,3% das exportações brasileiras do setor, totalizando US$ 711,1 milhões. Desse montante, o Espírito Santo concentrou 82,3%, com US$ 672,4 milhões destinados aos Estados Unidos.

"A nova alíquota coloca o Brasil em desvantagem competitiva frente a outros fornecedores internacionais, como Itália, Turquia, Índia e China, que enfrentarão tarifas inferiores. A medida ameaça o desempenho de mais de 200 empresas exportadoras brasileiras e compromete uma cadeia produtiva que gera cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no país", afirma a entidade, em nota.

A Centrorochas afirma que está monitorando a situação e dialogando com autoridades brasileiras e parceiros institucionais para buscar soluções que minimizem os impactos da medida, assegurem a previsibilidade das relações comerciais e preservem o espaço do Brasil no mercado norte-americano.

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