Atua no mercado financeiro desde 2017. É assessor de investimentos na Valor Investimentos e membro do Ibef/ES. É formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Por que os fundos de investimento são essenciais para a construção do patrimônio

Em um mercado mais sofisticado e volátil, fundos oferecem gestão profissional, diversificação e acesso a oportunidades que o investidor individual não tem

Vitória
Publicado em 17/11/2025 às 14h33

Nos últimos tempos, tenho observado um movimento curioso no comportamento dos investidores brasileiros. À medida que cresce o acesso à informação e aumentam as plataformas de investimento, muitos passam a acreditar que conseguem substituir completamente a atuação dos fundos e conduzir, sozinhos, estratégias profissionais de gestão.

Mas existe um ponto crucial que se perde nesse entusiasmo: a sofisticação do mercado financeiro cresce na mesma proporção que o acesso à informação. Nesse ambiente, os fundos de investimento continuam sendo uma das ferramentas mais eficientes para quem realmente leva a construção de patrimônio a sério.

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Fundos de investimento entregam uma diversificação na carteira de forma automática e com custos menores do que se o investidor construísse tudo por conta própria. Crédito: Jcomp/Freepik

A primeira razão é simples: tempo e técnica importam. O investidor individual até pode estudar economia, ler relatórios e acompanhar o noticiário, mas dificilmente terá a dedicação integral que um gestor profissional oferece. Fundos são estruturas criadas para que equipes especializadas monitorem diariamente riscos, oportunidades, ciclos macroeconômicos, crédito privado, mercados internacionais e tudo mais que influencia os preços dos ativos.

Outro ponto que raramente recebe a devida atenção é a diversificação. Uma carteira verdadeiramente diversificada exige dezenas (às vezes centenas) de posições, equilíbrio entre classes, correlação baixa e ajustes periódicos. Na prática, construir isso do zero é caro, complexo e, para a maioria das pessoas, inviável. Fundos entregam essa diversificação de forma automática e com custos menores do que se o investidor construísse tudo por conta própria.

Há também um aspecto determinante: acesso exclusivo. Boa parte das melhores oportunidades do mercado simplesmente não está disponível ao investidor individual. Operações de crédito privado de alta qualidade exigem tíquetes elevados, fundos internacionais demandam estrutura, estratégias quantitativas requerem tecnologia e modelagem, arbitragens e proteções cambiais dependem de expertise. Ao investir via fundos, o investidor participa de um universo sofisticado de ativos e estratégias que ele jamais conseguiria acessar sozinho.

Muitos fundos oferecem boas vantagens fiscais, o imposto só é cobrado no resgate, e não sempre que o gestor realizar algum ajuste na carteira. Isso permite que o patrimônio cresça com mais eficiência, sem o atrito constante do IR. É um detalhe técnico, mas que, ao longo dos anos, se transforma em milhares de reais a mais no bolso do investidor.

Por outro lado, os fundos também resolvem um problema muito humano, a dificuldade de manter disciplina. Somos naturalmente impulsivos e reagimos ao noticiário, tentamos prever movimentos de mercado, sofremos demais na queda e exageramos no otimismo nas altas. A estrutura de um bom fundo (estratégias bem definidas e rebalanceamentos automáticos) funciona como um antídoto para o comportamento emocional que prejudica tantos investidores.

Por fim, poucos sabem, mas o patrimônio de um fundo é separado do patrimônio da gestora, da corretora e do banco administrador. Isso significa que, mesmo que a instituição que distribuiu o produto enfrente problemas, o dinheiro do cotista permanece protegido. Esse nível de blindagem é um dos pilares do arcabouço regulatório brasileiro e dá uma camada adicional de segurança que investimentos diretos não oferecem na mesma proporção.

Quando juntamos todos esses elementos percebemos que os fundos continuam desempenhando um papel central na construção de patrimônio de longo prazo. Não como substitutos do conhecimento financeiro, mas como amplificadores dele.

Em um ambiente de juros altos, volatilidade global e mudanças constantes na dinâmica econômica, investir via fundos não é apenas conveniente, é inteligente. E, para a maioria das pessoas, é a forma mais eficiente de participar de um mercado que exige cada vez mais preparação, sem renunciar à segurança.

No fim das contas, a questão não é se os fundos ainda fazem sentido. A verdadeira pergunta é: qual fundo se encaixa melhor na sua estratégia e necessidade?

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