Nos últimos anos, o Banco Master se tornou um protagonista inesperado no cenário financeiro brasileiro. Controlado por Daniel Vorcaro, o banco passou de uma instituição de perfil discreto a uma das mais comentadas do país, impulsionada por aquisições estratégicas, investimentos bilionários e uma presença crescente tanto no varejo quanto no atacado.
A trajetória de expansão começou com a reorganização do antigo Banco Máxima, que em 2018 adotou o nome Master e iniciou uma estratégia agressiva de crescimento. Sob o comando de Vorcaro, o banco criou braços em gestão de recursos, corretora e seguros, além de aumentar a presença no mercado de crédito. O objetivo era se tornar um conglomerado financeiro completo, capaz de disputar espaço com bancos médios consolidados.
Entre 2023 e 2024, o Master acelerou seu crescimento com aquisições significativas. Destaca-se a compra do Banco Voiter (antigo Indusval), transformado na vertical de atacado, enquanto o Master permaneceu focado no varejo. A instituição também ampliou a participação no Will Bank, alcançando mais de 10 milhões de clientes, principalmente das classes C e D. Simultaneamente, o banco fez aportes bilionários em empresas como a Oncoclínicas, em operações que chamaram a atenção do mercado e de reguladores.
O crescimento rápido trouxe questionamentos. Surgiram notícias sobre suspeitas de que o banco poderia ter inflado seu patrimônio com investimentos em empresas de baixa capacidade econômica, inquéritos sobre operações com precatórios e direitos creditórios e investigações sobre possíveis irregularidades em crédito consignado.
Além dos desafios regulatórios, surgiram disputas judiciais. A família Rezende Barbosa, antiga controladora do Voiter, processou o Master cobrando cerca de R$ 470 milhões em debêntures vinculadas à venda do banco. A cobrança inclui garantias pessoais de acionistas, como Vorcaro, Augusto Lima e Maurício Quadrado, e reflete a complexidade das operações de aquisição realizadas pelo banco. Internamente, a saída de Quadrado em setembro de 2024 e a reorganização societária evidenciam o esforço para ajustar a estrutura diante das pressões externas.
Para sustentar o ritmo de crescimento e garantir caixa, o Master passou a oferecer CDBs com taxas de juros muito acima da média de mercado, atraindo investidores interessados em retornos elevados. Essa estratégia, porém, aumenta o risco para quem ultrapassa o limite de cobertura do FGC, que protege até R$ 250 mil por CPF em depósitos. Atenção a esse limite é essencial, especialmente, em instituições sob supervisão ou risco regulatório.
No início de 2025, surgiu a proposta de venda de 58% do banco ao Banco de Brasília (BRB), operação estimada em R$ 2 bilhões, que a princípio foi reprovada pelo Banco Central. Paralelamente, o FGC já precisou atuar como suporte emergencial, negociando linhas de crédito que podem chegar a R$ 10 bilhões para proteger investidores e garantir liquidez.
Atualmente, o Banco Central e outros players do mercado avaliam diferentes cenários: venda fatiada da instituição, reestruturação com suporte ampliado do FGC ou, no pior caso, liquidação assistida, em que os depósitos ficariam protegidos até o limite do fundo. O resultado definirá o futuro do banco, o impacto para investidores e a estabilidade das operações de varejo e atacado.
A história do Banco Master serve de alerta sobre o risco de crescimento acelerado. A instituição conquistou visibilidade e expandiu rapidamente, mas a mesma velocidade trouxe vulnerabilidades. Para investidores, a lição é clara: altas taxas de retorno podem indicar riscos elevados, e manter-se dentro da cobertura do FGC continua sendo uma medida essencial para proteção financeira.
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