Atua no mercado financeiro desde 2017. É assessor de investimentos na Valor Investimentos e membro do Ibef/ES. É formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Oportunidades não eliminam riscos: como investir em 2026

O cenário é promissor, mas não autoriza excesso de confiança; estratégia, prudência e calibragem fina são indispensáveis

Vitória
Publicado em 15/12/2025 às 11h53

A expectativa de queda da Selic é o ponto central da construção de cenários para 2026. Os players do mercado esperam um movimento de queda dos atuais 15% ao ano para algo próximo de 12% ao ano até o final de 2026. Esse movimento repercute nas diferentes classes de ativos da seguinte forma:

  • Renda variável ganha tração porque o desconto de fluxo fica mais suave;
  • Fundos imobiliários de tijolo respiram aliviados, já que os proventos consistentes e isentos se tornam mais atrativos;
  • Prefixados e IPCA+ alongados se tornam mais valiosos, pois capturam a curva de juros ainda alta.

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Mesmo em um ambiente propenso à tomada de risco, manter uma parcela robusta em ativos pós-fixados ainda é imprescindível. Crédito: Shutterstock

No entanto, vale ressaltar que expectativas não são certezas. Processos eleitorais, choques fiscais ou mudanças no ritmo de cortes podem alterar rapidamente a trajetória projetada. Por isso, mesmo em um ambiente propenso à tomada de risco, manter uma parcela robusta em ativos pós-fixados ainda é imprescindível. Eles funcionam como estabilizadores diante de eventuais surpresas e sua consequente volatilidade.

A perspectiva de juros mais baixos também amplia o potencial de valorização de empresas ligadas a setores sensíveis ao crédito e ao consumo, como varejo, construção civil, shopping centers e empresas com estruturas de capital mais alavancadas.

Nos FIIs de tijolo, o ciclo favorece uma retomada gradual de preços, principalmente em shoppings, galpões e lajes corporativas. Fundos de Fundos (FoFs) também podem se beneficiar muito com esse movimento, já que permanecem bem descontados frente ao Valor Patrimonial (VP).

Na renda fixa, os títulos públicos atrelados ao IPCA continuam oferecendo taxas reais acima da média histórica. Com a curva longa ainda pressionada, a assimetria permanece positiva para o investidor que busca travar inflação mais juros reais expressivos. Caso o ciclo de queda se concretize, as taxas disponíveis tendem a se reduzir, e o investidor terá contratado um prêmio elevado. Caso contrário, segue protegido pelo componente real acima da inflação.

Para adicionar um componente de segurança à carteira, uma exposição ao dólar é imprescindível. A trajetória descendente da moeda em 2025 reduz sua atratividade. Mesmo assim, considerando o ambiente eleitoral e a possibilidade de reprecificações abruptas, manter uma parcela da carteira em ativos dolarizados cumpre bem o papel de diversificação e hedge tático. Essa alocação não busca performance absoluta, mas sim controle de volatilidade e proteção contra eventos inesperados. A exposição internacional também complementa a posição em pós-fixados, adicionando segurança e acesso a mercados mais desenvolvidos, com dinâmicas distintas de oscilação.

A construção e os ajustes de uma carteira de investimentos para 2026 exigem leitura cuidadosa dos fatores que moldam o mercado e decisões conscientes para capturar oportunidades sem extrapolar limites de risco. Ao combinar a provável queda da Selic, que favorece ativos de risco, com o ruído significativo gerado pelas eleições federais, forma-se um ambiente propenso a erros por parte do investidor menos experiente, especialmente aquele que não conhece sua própria tolerância à volatilidade.

Montar uma carteira sólida para 2026 significa aproveitar as oportunidades, mas sem abandonar a prudência. A estratégia vencedora é aquela que equilibra convicção com flexibilidade, captura prêmios presentes e permanece preparada para cenários que não saem como o previsto.

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