O mercado de criptomoedas vive um momento de forte instabilidade neste fim de 2025. Após um ciclo de altas expressivas, impulsionado pelo interesse de grandes empresas e pela expectativa de regras mais claras nos Estados Unidos, o Bitcoin passa agora por uma das correções mais intensas dos últimos anos. Em novembro, a moeda está entre US$ 86 mil e US$ 87 mil, queda superior a 30% desde o recorde recente de US$ 126 mil. Isso apagou todos os ganhos do ano e retirou cerca de US$ 1,2 trilhão do valor total do mercado cripto.
Diferentemente de outras quedas históricas, desta vez o movimento não foi causado principalmente por especuladores alavancados (que tomaram dívida para operar) sendo “forçados” a vender. O problema maior é a pouca liquidez, ou seja, há um número reduzido de operações acontecendo, o que faz com que vendas relativamente pequenas puxem o preço para baixo rapidamente. O clima de medo entre investidores iniciantes, que costumam vender nas quedas mais fortes, contribuiu para acelerar o movimento.
Dados recentes da inflação americana acima do esperado reduziram as chances de cortes na taxa de juros nos Estados Unidos, e, quando estes permanecem altos, investimentos mais arriscados tendem a sofrer. O dólar mais forte e o período prolongado de paralisação do governo americano, que trouxe incertezas adicionais, também ajudaram a afastar investidores.
O que acontece agora não é novo, pelo contrário, é um padrão que se repete: investidores novos venderam primeiro, com medo de quedas ainda maiores, enquanto alguns investidores antigos aproveitaram para realizar lucros. Mineradores também aumentaram as vendas para cobrir custos. Apesar disso, os indicadores que medem o “estado de saúde” da rede seguem positivos. Não há sinais de que o interesse global pelo Bitcoin esteja diminuindo.
Enquanto o Bitcoin cai, o ouro vive um ano de forte valorização, beneficiado pela busca por proteção contra inflação. A bolsa americana também segue em alta no acumulado do ano, graças aos bons resultados das empresas, mesmo com quedas recentes no setor de tecnologia. Isso mostra que, no curto prazo, o Bitcoin ainda se comporta mais como um ativo de risco do que como um “porto seguro”.
Se as cotações caírem abaixo de US$ 80 mil, podemos ver o movimento se acentuar ainda mais. Por outro lado, um possível sinal de cortes de juros nos Estados Unidos pode desencadear uma recuperação rápida, levando o preço de volta para perto dos US$ 100 mil. O aumento de dinheiro em circulação no mercado financeiro sempre foi um combustível importante para os criptoativos. Para 2026, analistas seguem otimistas, esperando que juros menores e maior clareza regulatória favoreçam o setor. A adoção institucional do Bitcoin parece ser um caminho sem retorno e, no longo prazo, as perspectivas não se alteraram.
Lições para o investidor:
A turbulência atual reforça aprendizados importantes:
- Volatilidade faz parte do Bitcoin;
- Decisões tomadas pelo medo costumam gerar prejuízo;
- Os gatilhos de curto prazo para alta e baixa são imprevisíveis;
- Não exagerar no tamanho da posição é fundamental;
Quem investe pensando no longo prazo precisa de disciplina e visão. O segredo é separar o ruído dos fundamentos, algo cada vez mais valioso em um mercado tão emocional quanto o das criptomoedas.
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