Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

Ibovespa em alta histórica: o que explica a sequência de 13 pregões positivos

Otimismo com China, fluxo estrangeiro e perspectiva de corte de juros no Brasil alimentam a alta, mas analistas dizem que a prudência segue essencial

Publicado em 10/11/2025 às 09h02

Quem acompanha o mercado financeiro certamente percebeu que o Ibovespa vive um momento raro: são 13 altas consecutivas, algo que não acontecia há quase 30 anos. Esse movimento tem chamado a atenção. O que está por trás dessa sequência tão longa de ganhos?

Primeiramente, é importante entender que esse desempenho reflete um conjunto de fatores internos e externos que se alinharam de maneira positiva. Lá fora, o dólar mais fraco e a expectativa de queda nos juros norte-americanos voltaram a favorecer países emergentes como o Brasil. Isso faz com que investidores estrangeiros busquem ativos mais rentáveis como ETFs de ações globais e o nosso mercado, passivamente, recebe o impacto positivo disso.

Bolsa de valores, Ibovespa
Painel do Ibovespa. Crédito: Divulgação/B3

Outro ponto importante vem da melhora nas perspectivas da economia chinesa, o que beneficia diretamente nossas empresas exportadoras, principalmente as ligadas a commodities, como mineração e siderurgia. Quando a China volta a demandar mais, o Brasil tende a colher bons frutos.

No cenário doméstico, o clima também é de maior confiança. As empresas brasileiras divulgaram resultados acima do esperado em diversos setores, e o Banco Central não está distante de iniciar um novo ciclo de cortes de juros. Mesmo sem uma redução imediata na Selic, essa expectativa já melhora o humor do mercado. Além disso, o dólar mais estável e a inflação sob controle ajudam a reduzir riscos e estimulam novos aportes em renda variável.

É interessante notar também o aspecto técnico desse movimento. Quando o índice entra em uma sequência positiva, é comum vermos um efeito de “momentum”, em que o próprio fluxo comprador reforça a tendência. Investidores institucionais ajustam suas carteiras, e o mercado entra em ritmo de rali. Desta vez, o avanço é amplo: bancos, commodities, consumo e energia têm contribuído, o que mostra que a alta não está restrita a um setor isolado.

Mas é importante fazer um alerta: movimentos longos de valorização exigem cautela. Parte desse otimismo já está refletido nos preços. Qualquer mudança na percepção sobre os juros nos Estados Unidos ou um tom mais duro do nosso Banco Central pode interromper a sequência e levar à realização de lucros. O mesmo vale para o cenário externo: se houver nova onda de aversão ao risco, o fluxo pode se inverter rapidamente.

De toda forma, o atual momento da Bolsa mostra algo que há tempos não víamos: confiança sincronizada entre investidores locais e estrangeiros. Depois de um longo período de incertezas, esse ciclo positivo reforça uma lição importante: o mercado é cíclico, e as oportunidades aparecem justamente quando o pessimismo parece dominar.

Logo, mais do que tentar prever até onde vai o rali, o investidor deve manter uma carteira diversificada e de longo prazo, aproveitando o bom momento sem abrir mão da prudência. Afinal, como já vimos em outras colunas, os melhores retornos surgem quando há disciplina e paciência , e não quando se tenta adivinhar o próximo recorde.

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