Sempre falo aqui sobre ações e fundos imobiliários, mas há um título do Tesouro Direto que pode dar o que falar em 2026: o Tesouro Renda+ 2065, título voltado para quem pensa em aposentadoria. Apesar de ter vencimento distante, ele pode gerar valorização expressiva em um horizonte bem mais curto.
Explico: atualmente, esses papéis estão precificados com juros muito elevados, reflexo da preocupação do mercado com a trajetória da dívida pública e com o crescimento dos gastos do governo. Esse “prêmio de risco” embutido nos preços faz com que qualquer melhora na percepção fiscal provoque uma forte queda nas taxas — e, consequentemente, uma valorização relevante no preço do título.
E por que 2026 pode ser um ano decisivo? Teremos eleições presidenciais e, em um cenário de eventual troca de governo, o mercado pode enxergar maior disciplina fiscal. Se isso acontecer, as taxas de juros de longo prazo tendem a recuar e, como já vimos em outros momentos da nossa história, os títulos mais longos do Tesouro são os que mais se beneficiam. Basta lembrar de 2016: em poucos meses, papéis indexados ao IPCA com vencimento acima de 20 anos entregaram valorizações de dois dígitos para quem já estava posicionado.
É claro que o contrário também pode acontecer. Caso o cenário eleitoral amplifique dúvidas sobre a condução das contas públicas, o mercado exigirá ainda mais prêmio de risco, pressionando para baixo os preços do Tesouro Renda+ 2065. Por isso, estamos falando de um ativo de alta volatilidade no curto prazo, mesmo que sua proposta seja ser usado para aposentadoria.
O investidor que enxergar 2026 como um ponto de inflexão tem aqui uma oportunidade: usar o Tesouro Renda+ 2065 não apenas como poupança previdenciária, mas também como uma aposta tática de valorização. Vale destacar que, por ser um título longo, a marcação a mercado pode jogar contra ou a favor em proporções muito maiores do que em outros papéis do Tesouro.
Mais uma vez, reforço: não existe garantia de retorno. O que temos são probabilidades de valorização ligadas ao humor do mercado com a política fiscal. E como sempre comento nesta coluna: diversificação é a chave. Não se deve apostar todas as fichas em um único cenário.
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