Formado em engenharia civil pela Ufes, pós-graduado em Finanças pelo IBMEC-MG e com mestrado em Administração pela Fucape, geriu o clube de investimentos Investvix entre 2011 e 2015. É assessor de Investimentos na Valor Investimentos desde 2016

Ouro e bitcoin são as estrelas de 2025, mas até quando?

Em um semestre marcado por incertezas, bitcoin e ouro dispararam. Entenda os motivos por trás do rali e os riscos que acompanham esses ativos

Em 2025, ouro e bitcoin roubaram a cena como os ativos mais rentáveis no Brasil, superando o Ibovespa, que valorizou 15,4% no semestre. O ouro subiu 25,7% no mesmo período e 41,9% em 12 meses, enquanto o bitcoin avançou 14,88% nos últimos seis meses e cerca de 71,4% nos últimos 12. Por que esses ativos dispararam? E ainda vale a pena investir neles? Vamos analisar a lógica por trás desse desempenho.

A economia global enfrenta ventos cruzados. Donald Trump, com suas tarifas comerciais que não pouparam antigos parceiros dos EUA, trouxe volatilidade ao mundo. O medo de um desaquecimento econômico e o crescimento acelerado da dívida dos EUA geraram uma saída de capital do país.

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O valor do ouro e do bitcoin oscila conforme oferta e demanda. Crédito: Pexels

Parte desse fluxo, ao que tudo indica, migrou para o ouro, um porto seguro clássico, que atingiu US$ 3.500 por onça-troy, impulsionado por compras de 290 toneladas por bancos centrais, como os da China e da Índia. Outra parte foi para o bitcoin, que surfou na nomeação de Paul Atkins, pró-cripto, para a SEC, e a entrada de US$ 10 bilhões em ETFs, elevando seu preço a US$ 109 mil antes do Liberation Day 2025.

A geopolítica também pesa. Desde a invasão da Ucrânia em 2022, sanções que bloquearam US$ 300 bilhões em reservas russas em dólares incentivaram a diversificação para ouro e cripto. A China, temendo sanções semelhantes, acelerou compras de ouro, enquanto o Bitcoin ganhou apelo como “ouro digital” em um mundo desconfiado do sistema financeiro tradicional. A inflação global, com 2,9% nos EUA e 2,1% na China, reforçou a busca por ativos que preservem valor.

Apesar do brilho, há riscos. Ouro e bitcoin são ativos de utilidade, ou seja, não geram renda para seus detentores. Seu valor oscila conforme oferta e demanda: se muitos enxergam utilidade, a valorização vem; caso contrário, cai. Essa dinâmica gera alta volatilidade, especialmente no bitcoin, que enfrenta correções superiores a 50%, como vimos em ciclos passados.

Para o investidor, a perspectiva é promissora, mas exige estratégia. O ouro deve se beneficiar de tensões contínuas na Ucrânia e no Oriente Médio, mas tarifas de Trump podem pressionar preços se a economia global desacelerar. O Bitcoin, com projeções de US$ 200 mil (Hashdex), atrai pela adoção crescente, mas sua volatilidade exige estômago. Mesmo para os mais agressivos, não é recomendado alocar mais de 5% do capital em cada um. Ouro e bitcoin brilharam em 2025, mas diversificação e cautela são essenciais para surfar essa onda sem naufragar.

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