
O último resultado trimestral do Banco do Brasil pegou o mercado de surpresa — e não foi de forma positiva. A queda inesperada no lucro, somada ao aumento da inadimplência (especialmente na carteira do Agro), acabou decepcionando. Desde então, os papéis vêm caindo na bolsa, pressionados pela saída de investidores. Mas será que isso muda a tese da empresa? É hora de vender ou de aproveitar a queda?
Os analistas do mercado, aqueles que acompanham de perto o dia a dia dos balanços, logo perceberam a diferença: os grandes concorrentes — Itaú, Bradesco e Santander — entregaram resultados bem mais consistentes. Naturalmente, o que acontece? O dinheiro migra. Vende-se Banco do Brasil para comprar os pares que performaram melhor. É assim que o mercado age. Não há emoção aqui, só racionalidade de curto prazo.
Esse movimento reforça um ponto importante: a maioria dos profissionais não costuma pagar para ver. Se o cenário piora, ele troca de posição. Se melhorar depois, ele volta. Simples assim. É uma estratégia tática, muito mais preocupada com o momento do que com a tese estrutural de longo prazo.
Já o investidor comum, pessoa física, costuma estar em outra realidade. Ele não precisa — e muitas vezes não consegue — fazer esse tipo de ajuste com tanta velocidade. E mais: nem sempre deveria tentar.
Pense no Banco do Brasil como um atleta de elite que pegou um resfriado na véspera de uma competição. Isso significa que deixou de ser competitivo? Claro que não. Você continua tendo uma empresa sólida, em um setor estratégico, com histórico de bons resultados e fundamentos respeitáveis. Está passando por um momento difícil, mas não perdeu a capacidade de se recuperar.
Portanto, o investidor que já tem ações do Banco do Brasil não precisa correr para vender. Muito menos tomar decisões com base apenas na manchete do último trimestre. Pelo contrário: se acredita na qualidade da empresa, pode até aproveitar o momento para aumentar sua posição — com cautela, planejamento e visão de longo prazo. É importante verificar se a perda de fundamentos é momentânea ou algo mais permanente. Nesse caso, até aqui tudo indica que é algo temporário.
O mercado financeiro é cheio de dilemas, e esse é mais um deles. Não existe certo ou errado absoluto. Alguns profissionais de mercado jogam o jogo do agora. O investidor de longo prazo olha mais adiante. Ambos estão certos dentro de suas estratégias. O importante é saber qual papel você está interpretando nessa história.
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