Publicado em 27 de julho de 2021 às 11:38
Já se sabe que o estresse elevado tem um efeito destruidor em nosso organismo. Pode trazer dores de cabeça, insônia, problemas estomacais, afetar pele e cabelos, fazer mal ao coração. Mas nem todo mundo enxerga a relação dele com uma gengiva inflamada.
Isso mesmo! Se a pessoa estressada é capaz de apertar tanto os dentes a ponto de quebrá-los, não dá para pensar que o prejuízo fosse apenas esse dentro da boca.
“Muitas pessoas, em momentos de estresse, começam a fazer apertamento dos dentes ou até mesmo desenvolvem o bruxismo. Tanto um quanto o outro podem sobrecarregar o osso e a gengiva que sustentam os dentes e, assim, levar à perda óssea e gengival”, destaca a professora do curso de Odontologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Karla Correa Barcelos Xavier.
Além disso, diz ela, novos estudos descobriram que na gengiva estão presentes receptores dos mediadores do estresse. “Isso pode levar à inflamação gengival e, aí, entramos no ciclo no qual a inflamação crônica da gengiva também leva à perda óssea e gengival”.
Karla explica que a gengiva é um dos órgãos de sustentação dos dentes. E quando ela fica inflamada por falta de escovação e do uso do fio dental, pode sangrar.
“Essa inflamação, se for contínua, pode levar à retração gengival, que é quando a gengiva sobe na arcada superior ou desce na inferior, podendo até mesmo expor a raiz do dente. Um outro problema que a inflamação pode causar é a perda óssea ao redor do dente. E a consequência disso pode ser a perda dentária”, ressalta.
São vários os problemas que podem afetar as gengivas. A professora cita, por exemplo, o acúmulo de placa dental, por falta de escovação correta ou de uso de fio dental e, ainda, falta de limpeza realizada em consultórios do dentista. “Escovar os dentes com a técnica errada ou com muita força também pode prejudicar as gengivas. Outros problemas são a má oclusão dentária e distúrbios como o apertamento de dentes e bruxismo", lista.
De acordo com a professora da Ufes, a gengiva inflamada precisa ser tratada por um especialista: o periodontista. “Primeiro, ele avaliará a causa da inflamação, da perda da gengiva. E então irá propor um tratamento que vai desde uma limpeza mais especializada até mesmo o uso de placas miorrelaxantes”, explica Karla.
Ainda segundo ela, pode ser necessário até contar com ajuda psicológica. “Algumas vezes, quando o estresse se torna crônico ou a pessoa desenvolve algum outro tipo de transtorno, a ajuda psicológica sempre é bem-vinda”, observa Karla.
A professora ressalta que a pandemia de Covid-19 levou a um aumento muito grande de problemas bucais, como apertamento, bruxismo e inflamação gengival. "Pacientes que já tiveram Covid precisam fazer uma avaliação com um periodontista para ver se não ficou alguma sequela de inflação crônica na gengiva", finaliza Karla Correa Barcelos Xavier.
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