A rotina do presídio federal de Catanduvas, no Paraná, vai mudar o ritmo de um júri popular que acontece a partir desta quarta-feira (17), em Vitória. Os horários administrativos da unidade se encerram às 18 horas, fazendo com que o julgamento de um dos líderes de uma facção criminosa também seja finalizado no mesmo horário. Em decorrência disto, foram estimados três dias para a conclusão dos trabalhos.
Em geral, as sessões de júri popular costumam avançar na madrugada, mas neste caso vão seguir a regra da unidade prisional, iniciando às 9 horas e encerrando às 18 horas. Já o intervalo para o almoço acompanha a decisão do Juízo da 1ª Vara Criminal de Vitória, que preside o Tribunal do Júri.
Vão sentar no banco dos réus quatro pessoas, entre elas Fernando Moraes Pereira Pimenta, o Marujo, detido em Catanduva, que acompanhará os trabalhos por videoconferência.
Ele é acusado de determinar o assassinato de um jovem barbeiro de 18 anos, Maiky Ferreira dos Santos, que foi executado pelos demais, com a participação ainda de um menor.
Segundo denúncia do Ministério Público, o barbeiro foi surpreendido por quatro traficantes rivais em seu local de trabalho, uma barbearia em Nova Palestina, Vitória. Ele foi morto com disparos de arma de fogo. O ataque tinha o objetivo de garantir a hegemonia da comercialização de drogas na região e o controle para o grupo criminoso Trem Bala, ligado ao Primeiro Comando de Vitória (PCV).
“O denunciado Fernando ocupa posição de liderança na organização criminosa, sendo ele o responsável por arquitetar todas as ações do grupo, sobretudo, para que nenhum homicídio ocorra sem sua determinação”, foi dito na denúncia.
No dia do crime, os três executores e o menor chegaram a Nova Palestina em um carro e cada um portava uma arma. Ainda a bordo do veículo avistaram a vítima no interior da barbearia, onde trabalhava e foi morto.
Após o ataque, os quatro fugiram. Sobre o crime é dito na denúncia do MP que ela foi motivada pelas disputas de território: “Revelada pelo propósito dos denunciados de eliminarem traficantes rivais atuantes no bairro Nova Palestina, a fim de galgarem o domínio sobre tal atividade ilícita naquela região”.
Além de Marujo, sentam no banco dos réus: Thiago Henrique Ferreira dos Santos Quintino, o Banguela ou BG; Marcos Antônio Barbosa Passos, o Feinho ou Feio; Alan Tiago de Souza, o Neguinho São Pedro.
As defesas dos quatro denunciados pelo crime serão realizadas por advogados indicados pela Justiça estadual, para atuar no dia do julgamento, segundo decisões presentes no andamento processual. Eles não foram localizados, mas o espaço segue aberto à manifestação.
Prisão e transferência
Marujo era a única liderança da facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV) em liberdade. Foragido, ele se escondia em comunidades do Rio de Janeiro, mas precisou retornar para o Espírito Santo em decorrência das disputas do tráfico contra os integrantes do Terceiro Comando Puro (TCP). A maior parte dos seus gerentes já havia sido presa.
Ele acabou sendo localizado e preso em 8 de março de 2024 na casa dos pais, em Bonfim. Em pouco mais de um mês foi transferido para a unidade federal de Catanduva, onde permanece detido.
Já está cumprindo a pena de 51 anos de prisão, fruto de condenação em júri realizado meses antes da sua prisão, mas sem a sua presença.
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