
O proprietário de um bar, Vilson Luiz Ballan, vai à júri popular pelo assassinato de Breno Rezende de Carvalho, de 25 anos, na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória. Em interrogatório à Justiça do Espírito Santo ele confessou o crime, que ocorreu em 15 de março. O jovem foi morto com uma facada após uma discussão pelo pagamento de uma cerveja, no valor de R$ 16, que havia comprado no bar do empresário e já havia quitado.
Em sentença, o juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Carlos Henrique Rios do Amaral Filho, que preside o Tribunal do Júri da Capital, relata que além das provas existentes no processo, os depoimentos das testemunhas e as declarações do próprio réu, são suficientes para configurar a existência de indícios do crime, e que o caso deve ser avaliado pelos jurados.
Foi decidido ainda que Ballan permanecerá preso de forma preventiva. Ele se encontra no Centro de Detenção Provisória de Viana 2 (CDPV2).
O texto judicial relata a conduta do réu como de “extrema gravidade”: homicídio praticado por uma dívida já quitada, com uma faca e uma abordagem que pegou o jovem de surpresa, sem chance de reação. “O que evidencia elevada periculosidade e risco concreto de reiteração delitiva”
Também pesou a fuga do local do crime. “O que demonstra risco real e atual à aplicação da lei penal, especialmente em eventual condenação pelo Tribunal do Júri, razão pela qual se mostra necessária a prisão preventiva para assegurar a futura execução penal”.
A advogada Janaína dos Santos Gomes, que faz a defesa do empresário, informou que não tinha sido intimada sobre a a decisão, e quando isto ocorrer, adiantou que "vai analisar o caso e adotar as providências pertinentes".
No texto judicial há informações sobre o interrogatório do empresário, onde ele confirma a prática do crime e que agiu sozinho.
É informado que ele alegou “não se recordar dos detalhes do crime devido ao uso de álcool e à mistura de remédios, que ele fazia há mais de três anos”. E que expressou arrependimento, pedindo perdão à família de Breno e à sua própria família, atribuindo a tragédia à sua condição de intoxicação.

O crime
Vilson é dono do bar Sofá da Hebe, um dos mais movimentados da Rua Lama. Breno estava no estabelecimento com amigos antes do crime, onde comprou duas cervejas — pegou uma e deixou outra paga. Após retirar a segunda garrafa de bebida é que a confusão começou.
Em sua denúncia, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) destacou que, antes de cometer o crime, Vilson intimidou a vítima. Em tom alterado, exigiu o pagamento de R$ 16 e ameaçou Breno: “Vocês têm 5 minutos pra resolver isso aí”, teria dito o empresário à vítima e a seus amigos. Um garçom chegou a confirmar a Vilson que a cerveja já estava quitada, mas o dono do bar discutiu com o atendente e permaneceu encarando o grupo de amigos.
Eles, então, saíram do Sofá da Hebe e foram para o bar vizinho, Did's, onde o crime aconteceu. O MP sustenta ainda que Breno foi surpreendido pela ação de Vilson. Lembrou que o jovem estava em um momento de descontração quando foi atingido pela facada.
“O crime foi executado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, uma vez que Vilson se aproximou da vítima que estava em um contexto de descontração com os amigos e, de forma repentina, retirou uma faca da cintura e desferiu o golpe em Breno, o que reduziu drasticamente suas chances de defesa e resistência”.
Na ocasião, Breno ainda tentou se defender com um soco, mas em razão da gravidade dos ferimentos, morreu no local.
Breno Rezende de Carvalho, de 25 anos, vivia um momento de realização pessoal e profissional, segundo familiares. Ele morava em Goiabeiras com a avó e dois irmãos. Com formação em Tecnologia da Informação (TI), Breno havia montado sua empresa neste ano e estava na expectativa de dar início ao primeiro contrato de prestação de serviço firmado por seu empreendimento.
Atualização
2 de julho de 2025 às 13:00
O texto foi atualizado com as informações da advogada de defesa do empresário, Janaína dos Santos Gomes.
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