É artista e escritora, e como observadora do cotidiano, usa toda sua essência criativa na busca de entender a si mesma e o outro. É usuária das medicinas da palavra, da música, das cores e da dança

Que em 2022, estejamos abertos à transmutação

Que no próximo ano, a gente aprenda a se render, a confiar nas mudanças e parar de tentar controlar a vida. Ou seja, confiar na sucessão de mudanças na forma original

Publicado em 26/12/2021 às 02h00
Horizonte, interior roça, caminho
Ninguém pode construir uma casa linda na linha do horizonte porque simplesmente não é possível alcançá-lo. Sabendo disso, a mera tentativa de transformar o ideal em real é uma estupidez. Crédito: Shutterstock

Que em 2022 a gente aprenda a se render, a confiar nas mudanças e parar de tentar controlar a vida. (Porque quanto mais a gente controla, mais a gente atrapalha a manifestação da maior potência que existe: milagre, alquimia, transmutação.)

Ah, a velha tentativa de ser ideal.. Que grande desperdício de energia vital!

Pensa comigo, o horizonte nos orienta. Você concorda?

Ele representa um limite, a borda, além de ser um símbolo, um ideal lá fora. Mas ele não é real.

Ninguém pode construir uma casa linda na linha do horizonte.

Não pode porque simplesmente não é possível alcançá-lo... Na medida em que nos aproximamos, ele se afasta. Então, apesar de “existir”, ele não passa de uma ilusão de ótica.

Sabendo disso, a mera tentativa de transformar o ideal em real é uma estupidez!

Primeiro porque faz com que o ideal perca seu caráter funcional, que no caso do horizonte, é orientador. Depois, porque se insistimos na tentativa de tomar posse, deter ou consumir o ideal, nos tornamos alvo preferencial do mercado que vende objetos, pessoas e cenários que "representam" essa possibilidade... Ou seja, uma farsa.

A mesma coisa acontece nas nossas relações. Insistir em viver o ideal é o caminho para a conservação de uma falácia. É a perda da oportunidade de se orientar para a maior das possibilidades: transformação!

Toda vez que nos deixamos guiar pelo ideal de quem somos, ou pelo ideal do outro, fixamos uma linha ilusória, nos apegamos, controlamos, e portanto, sofremos, nos tornando inseguros e ansiosos.

Moral da história: não existe relação ideal, aliás, a única constante que existe nas relações é a possibilidade de transmutação...

Ou seja, sucessão de mudanças na forma original. Entrega, confiança, reforma, trocas! Abertura de espaço no coração, elasticidade, maleabilidade, ampliação.

Esticar os próprios limites na vida, ou dentro de uma relação, é como dançar sem coreografia, se deixando guiar pelo ritmo. É correr o bom risco de nos reconhecermos, de nos reconstituirmos.

E este “vir a ser” que o amor nos proporciona é ouro purinho!

Então, não se engane: nos relacionamos em busca de alívio, mas no horizonte do desejo, encontramos sempre o que? Nós mesmos!

Ora, se somos todos espelhos! Espelhos envolvidos num jogo reflexivo de troca e condução à própria transmutação.

Finalmente, não é sobre morar no horizonte, como disse no começo. É sobre se deixar orientar por ele, e continuar o jogo da vida, que é sempre maior que nós, mas ao mesmo tempo nos convida diariamente a participar dessa grandeza. Que em 2022, assim seja!

Vamos além.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Crônica

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.