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Aliança entre Contarato e Casagrande passa por SP e vai ser definida em bloco

Cúpula do PSB esteve reunida, com participação do governador do ES. Decisão sobre parceria com o PT deve sair em 19 de julho

Vitória
Publicado em 29/06/2022 às 02h10
Governador Renato Casagrande durante discurso em evento sobre segurança pública
Governador Renato Casagrande. Crédito: Helio Filho/Secom-ES

Tudo indica que a retirada do senador Fabiano Contarato (PT) da corrida pelo governo do Espírito Santo é questão de tempo, mas essa decisão não vai ser tomada isoladamente. A questão central passa por São Paulo, onde os petistas querem o apoio dos socialistas ao ex-prefeito Fernando Haddad na disputa pelo comando do Executivo estadual.

Em reunião na última segunda-feira (27), a cúpula do PSB, incluindo o secretário-geral do partido, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, definiu que as alianças nos estados vão ser debatidas em bloco.

Se o PT abrir mão de lançar Contarato para apoiar Casagrande, por exemplo, e ceder em outras unidades da federação, o PSB fica mais "maleável" a rifar o pré-candidato do partido, Márcio França, da jogada em São Paulo, embora isso não tenha sido dito abertamente.

França, publicamente, mantém-se na disputa. Se ele recuar para apoiar Haddad, tanto melhor para o governador do Espírito Santo.

"Ele (França) está na expectativa de uma aliança com outros partidos para a manutenção da sua candidatura. Mas não tem pressa. Em alguns lugares pode ser que a gente consiga fazer as alianças (com o PT), acho que na maioria vamos conseguir, mas em alguns lugares pode ser que a gente não consiga e cada um segue com seu candidato, respeitosamente", ponderou Casagrande, nesta terça (28), em entrevista no Palácio Anchieta.

"Aqui a relação (com o PT) é muito boa, mas depende de um entendimento global. Não é 'ah, vamos resolver o Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul'. Acho que dá para os dois presidentes (de PT e PSB) fazerem um entendimento mais amplo, incluindo Lula e Alckmin, sem ficar no varejo", complementou.

De acordo com o jornal "O Globo", o prazo estabelecido para concluir as conversas foi 19 de julho, um dia antes do período de início das convenções partidárias, quando é batido o martelo sobre os candidatos de cada sigla.

"O que o PT quer é que o PSB apoie Haddad em São Paulo, é o que o PT mais quer", lembrou o governador, destacando algo que está patente já há alguns meses. "Agora, se isso vai resolver... (nos outros estados) não se sabe", ponderou.

Casagrande admite que França tirar o time de campo seria bom "para o Espírito Santo", leia-se para o próprio Casagrande: "Seria bom para o conjunto das alianças, inclusive para o Espírito Santo".

Contarato já falou sobre sair do pleito, colocando a possibilidade na conta da direção nacional do PT: "Se a nacional retirar minha candidatura, que fique com o ônus", bradou, em discurso durante plenária do PT local, no último dia 11.

Dois dias depois disso, o governador fez um gesto público, que havia prometido aos petistas, declarou que vai votar no ex-presidente Lula, embora não tenha garantido que vai fazer campanha para ele. Também não ofereceu um palanque exclusivo para o ex-presidente no estado.

Como, agora mais do que nunca, as tratativas entre PSB e PT dizem respeito a contrapartidas em outros estados, não há nem motivo, pragmaticamente falando, para que Casagrande ceda ao PT local.

O partido deve ter pré-candidato ao Senado – está entre o ex-reitor da Ufes Reinaldo Centoducatte e a ex-secretária de Educação de Cariacica Célia Tavares – e poderia pleitear a vaga de vice na chapa do socialista. Esses lugares, no entanto, já são disputadíssimos por aliados que chegaram primeiro.

O que o governador pode fazer, e isso já era especulado, é dar uma força para pré-candidatos petistas a deputado. O ex-prefeito de Vitória João Coser, por exemplo, já apareceu ao lado do socialista no anúncio do início das obras de construção do Viaduto do Complexo Viário de Carapina, na Rodovia das Paneleiras, no domingo (26).

Governador Renato Casagrande discursa em evento na Rodovia das Paneleiras. Entre os presentes no palanque, o ex-prefeito de Vitória João Coser
Governador Renato Casagrande discursa em evento na Rodovia das Paneleiras. Entre os presentes no palanque, o ex-prefeito de Vitória João Coser. Crédito: Helio Filho/Secom

Casagrande minimizou a proximidade com o ex-prefeito, pré-candidato a uma cadeira na Assembleia Legislativa, como símbolo de uma eventual aliança entre PT e PSB no Espírito Santo.

"O Coser é um aliado, independentemente de eles terem candidato a governador ou não. Isso não afasta a gente. O PSB e o PT têm o mesmo candidato à Presidência da República, mesmo que o PT tenha candidato a governador aqui ... a campanha não começou ainda. Agora são atos institucionais. Normal a presença dele, é um ex-prefeito e a obra é importantíssima para Vitória e para Serra".

DINHEIRO PARA CAMPANHA

Na reunião com a cúpula do PSB na segunda-feira outro assunto delicado foi tratado: a verba para fazer campanha. Ficou definido que 80% do dinheiro do fundo eleitoral vão para os candidatos a deputado federal e estadual do partido em todo o país. Isso equivale a R$ 215 milhões. Os concorrentes a vagas de governador e senador ficam com os outros R$ 54 milhões.

Casagrande disse que não está certo quanto desse montante deve ser destinado ao Espírito Santo. O fato é que se o PSB não disputar o governo de São Paulo, uma campanha cara, sobra mais dinheiro para os demais.

E O PT?

Bem, a decisão sobre alianças estaduais entre PT e PSB estava marcada, a princípio, para o dia 15 de junho. O prazo não foi cumprido e uma nova data não foi estabelecida pelos petistas. Agora, são os socialistas que falam em 19 de julho.

Contarato esteve, no último dia 23, com a presidente nacional do próprio partido, a deputada federal Gleisi Hoffmann. Ela foi ao gabinete do senador. Os dois posaram sorridentes para uma foto. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo, como diria Ancelmo Gois.

A coluna tenta, há dias, sem sucesso, contato com a presidente estadual do PT, Jackeline Rocha. Ela já deixou claro, no dia 11, que considera pouco o que foi apresentado por Casagrande ao PT até agora em troca de uma possível aliança. Mas essa é uma decisão que deve vir da direção nacional.

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