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A corrida pelo comando do MPES já começou e tem um favorito

Adversários, porém, podem entrar no páreo. Confira na coluna como está o cenário que, ao fim e ao cabo, vai ser definido pelo governador Renato Casagrande (PSB)

Vitória
Publicado em 04/12/2025 às 09h09
MPES
Sede do MPES, em Vitória. Crédito: Carlos Alberto Silva

Promotores e procuradores de Justiça do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) vão votar, em março de 2026, para definir a lista tríplice da qual vai sair o futuro ou futura chefe da instituição. O edital que estabelece também o prazo de inscrições de candidatos — de 19 a 26 de janeiro — foi publicado na terça-feira (2).

A disputa, porém, é composta por elementos bem mais subjetivos que datas. O atual procurador-geral de Justiça, Francisco Berdeal, vai disputar a reeleição. Ele não fez declarações públicas a respeito, mas já afirmou a integrantes do colégio de procuradores que vai em busca de mais um mandato.

A questão é quem vai enfrentá-lo. Em 2024, quando Berdeal foi escolhido procurador-geral pela primeira vez, outros cinco membros do MPES entraram na corrida. Agora, há especulações sobre as movimentações de três deles, os promotores Maria Clara Mendonça Perim, Pedro Ivo de Sousa e Danilo Raposo Lírio.

Nenhum deles concedeu entrevista para dizer se vão ou não se candidatar desta vez. Trata-se, como já mencionado aqui, de especulação.

O também promotor Marcello Souza Queiroz, que se inscreveu em 2024 e ficou em quarto lugar, afirmou à coluna que não vai se candidatar. 

Pessoas próximas a Perim, Sousa e Lírio afirmam que a participação deles no pleito é incerta, não só porque emitem sinais dúbios, mas devido ao fato de que o páreo deve ser duro.

Berdeal, simplesmente por ocupar o cargo de procurador-geral de Justiça, já conta com vantagem. Tem "a máquina na mão", manteve o apoio que recebeu em 2024 e pagou benefícios legais a diversos membros do MP o que, obviamente, angaria simpatia.

Ele também estreitou laços no interior do estado, por meio do projeto Conecta. "O encontro já debateu questões de 54 municípios ao longo de encontros divididos por microrregiões, com a presença de cerca de 500 lideranças locais. A atividade é acompanhada diretamente pelo Procurador-Geral de Justiça do MPES, Francisco Martínez Berdeal", como informa o site do MPES.

Berdeal também é próximo do governador Renato Casagrande (PSB). Ao fim e ao cabo, é o chefe do Executivo estadual que escolhe qual dos integrantes da lista tríplice vai ser procurador-geral.

Na eleição passada, o mais votado pelos promotores e procuradores foi Pedro Ivo. Berdeal ficou em segundo lugar, mas foi ele que Casagrande ungiu.

Maria Clara Mendonça Perim ficou em terceiro, na ocasião.

Há também críticas à atual gestão. Nos bastidores, em conversas com a coluna, alguns membros apontaram justamente a frequência com que o procurador-geral aparece em eventos públicos ao lado de Casagrande. 

Outro ponto observado foi o tempo que o grupo do atual PGJ está no poder, o que remonta ao menos a 2012, quando Eder Pontes da Silva iniciou o primeiro mandato à frente da instituição.

Berdeal, em 2024, foi apoiado pela então procuradora-geral, Luciana Andrade, que também surgiu do grupo de Eder Pontes, hoje desembargador do Tribunal de Justiça (TJES). Andrade, por sua vez, é subprocuradora-Geral de Justiça Institucional. 

Poderia haver um certo cansaço da classe com tal grupo, pelo tempo decorrido? Sim.

Mas a principal aposta, hoje, é no favoritismo de Berdeal.

Maria Clara Mendonça Perim é reconhecidamente uma opositora da atual gestão, embora não se posicione de forma irascível. Em 2024, recebeu apoio de movimentos sociais e entidades da sociedade civil.

Atua na Promotoria da Serra, defende a transparência e a proximidade do MP com a sociedade e também tem trânsito com Casagrande.

A coluna apurou que ela ainda não decidiu se vai se inscrever para concorrer. Mas, dos cotados, é a que tem maior potencial para fazê-lo.

Pedro Ivo, outro que pode, ou não, disputar o pleito de 2026, é presidente da Associação Espírito Santense do Ministério Público (AESMP). 

Colegas dele ouvidos pela coluna avaliam que ele tem, hoje, uma atuação mais voltada ao associativismo e à questão classista mesmo, do que de olho no comando do MPES.

Mas o promotor não respondeu à coluna se vai ou não se inscrever para concorrer a PGJ. Então a possibilidade segue no ar, principalmente pelo capital político interno acumulado, afinal foi o mais votado na eleição anterior e, depois, foi alçado presidente da AESMP.

Danilo Raposo atua em Linhares. Em 2024, nos bastidores, foi o candidato apoiado por Eder Pontes, mesmo este sendo um integrante do Judiciário. Raposo ficou em quinto lugar.

Como as inscrições terminam em 26 de janeiro, ainda há tempo para os eventuais candidatos avaliarem se vale a pena entrar na disputa.

Alguns podem fazê-lo apenas para marcar posição, outros por apostar que a "fadiga de material" da atual gestão deve convencer os demais membros de que é hora de mudar.

Outra opção é esperar um momento mais oportuno, talvez a eleição seguinte, em 2028.

A ESCOLHA DE CASAGRANDE

Quanto ao crivo de Casagrande, entretanto, não há muita margem para manobras. 

Trata-se de uma escolha pessoal e intransferível do chefe do Executivo. Ele pode prestigiar qualquer um dos integrantes da lista tríplice, não necessariamente o mais votado, de acordo com critérios que considerar mais adequados. 

O governador, provavelmente, vai renunciar ao mandato no início de abril, para disputar o Senado. Assim, quem vai assumir o governo será o vice, Ricardo Ferraço (MDB).

Como a eleição do MPES vai ser realizada no início de março, caberia ao socialista mesmo, como um dos últimos atos com a caneta de governador na mão, definir no novo chefe da instituição.

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