Uma notícia devastadora sobre a sua saúde transformou a vida do pequeno agricultor Anatalício dos Reis Silva, de 49 anos. Ao saber pelo médico que não poderia mais peneirar café porque tinha contraído tuberculose, o cafeicultor de Vargem Alta, apesar do impacto do diagnóstico, não desistiu: foi à luta, se tratou, voltou ao trabalho e inventou, em poucos dias, uma máquina que faria esse serviço pesado para ele.
O equipamento, movido a gasolina, rendeu três prêmios a Anatalício em um evento internacional de inovação em Foz do Iguaçu (PR). O Peneirador de Café Portátil criado por ele consegue abanar (limpar) 420 kg de café por hora, poupando o agricultor do contato com a poeira e a fuligem depositadas na peneira do café e que acaba sendo inaladas por quem a manuseia.
A máquina, segundo o produtor rural, despertou interesses de empresas do Brasil e do exterior, inclusive da China e da Holanda. Ele diz que já recebeu mais de 50 contatos de pessoas interessadas no equipamento.
Nascido em Alegre, Anatalício mora no interior de Vargem Alta há 44 anos. Casado, tem uma filha e é torcedor fanático do Flamengo. Quando contraiu uma pneumonia que evoluiu para uma tuberculose, o cafeicultor chegou a perder mais de 40 kg. “O médico chegou a falar para uma prima minha que eu tinha apenas três dias de vida”, lembra, emocionado.
“Em 2019, adoeci por causa da poeira gerada no ato de abanar o café. Tomei um choque quando o médico me disse que não podia abanar mais. Fiz o tratamento recomendado, tive alta e, no prazo de 15 dias, construí a máquina de abanar café com material reciclado que me permitiu criar peças para o peneirador”, relata o agricultor.
Ele conta que chegou a se submeter a quatro cirurgias. Na quarta intervenção, um médico especialista deu a Anatalício o prazo de 24 horas para ele começar a reagir. E foi o que o agricultor resolveu fazer: reagir. “Me pesei na balança, estava com 62 kg, e em 24 horas engordei 200 gramas. Foi quando tive novamente uma vontade de reação, voltei a comer, a andar. Em 36 dias eu já havia recuperado quase 20 quilos dos quarenta e poucos que eu tinha perdido.”
Atualmente recuperado plenamente da saúde, Anatalício tem no trabalho no campo, mais que um meio de sustento, uma fonte de prazer em sua vida: “Gosto muito de trabalhar. Se deixar, trabalho sábado e domingo direto. Na época da colheita de café, chego a trabalhar 30 dias direto”.
Irrequieto na lavoura, ativo na vida social. O inventor e cafeicultor revela que gosta também da política, onde afirma que tem muitos amigos, inclusive vereadores, deputados federais e estaduais. "Gosto dos que apoiam especialmente a Saúde e os produtores rurais. São parceiros meus”, resume.
Católico, Anatalício diz valorizar a presença da família e gostar também da ciência e da tecnologia, setores de que se aproximou ao começar a enveredar pelo mundo das invenções. Mas, na essência, ele é um homem de hábitos simples e que ama a vida: “Quero viver bem e comer a comida capixaba, que tem um sabor especial”.
Na mesa e na vida, Anatalício nos dá a receita: fé, superação e criatividade para tornar o mundo melhor.
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