Se há uma área em que a tecnologia automotiva realmente tem impacto direto na proteção das pessoas, é a da segurança veicular ativa, que abrange todos os sistemas que ajudam a evitar acidentes antes mesmo que eles aconteçam.
Recursos como frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa e detecção de ponto cego já demonstraram, em estudos internacionais, que reduzem de forma significativa colisões comuns do dia a dia. Em vários casos, eles representam a diferença entre um susto e um acidente sério.
Mesmo assim, no Brasil, esses equipamentos ainda aparecem com status de luxo, restritos às versões mais caras ou a modelos mais sofisticados. E isso acaba limitando uma tecnologia que poderia estar presente em um número maior de veículos nas ruas.
Um exemplo é o resultado de novos testes de segurança desta semana divulgados pelo Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe, o Latin NCAP. O Yaris Cross, principal lançamento do ano da Toyota, uma empresa que sempre foi destaque no quesito segurança, obteve duas estrelas da organização, um resultado bem abaixo do que se poderia esperar para um carro que chega com bastante expectativa de mercado.
Mas existe outro ponto importante nessa discussão. Além da oferta limitada, muitos consumidores ainda não colocam a segurança como protagonista na hora de escolher um carro. É comum ver pessoas focando em itens como multimídia, design, consumo ou fama da marca, mas deixando de lado informações essenciais, como resultados de testes de colisão e a lista de tecnologias de assistência à condução presentes no modelo.
Quando esses itens não entram na comparação, o mercado naturalmente direciona seus investimentos para aquilo que o cliente demonstra querer. E, com isso, a segurança continua aparecendo de forma tímida nos catálogos.
Os dados mostram o potencial desses sistemas. Só a frenagem autônoma de emergência pode reduzir em cerca de 50% as colisões traseiras, um tipo de acidente extremamente comum no trânsito urbano. Assistentes de permanência em faixa, alerta de ponto cego e monitoramentos que evitam distrações também têm impacto direto na redução de riscos.
É importante destacar que essas tecnologias não substituem atenção, reflexo ou direção defensiva. Elas funcionam como uma camada extra de proteção, especialmente em situações em que a distração, o cansaço ou a imprevisibilidade do trânsito se manifestam.
A evolução tecnológica já está aí, e cada vez mais acessível. O que pode fazer diferença daqui para frente é incluir a segurança como parte essencial da pesquisa de compra. Testes de colisão, equipamentos de assistência e recursos de proteção deveriam estar entre os primeiros itens analisados, junto com consumo, manutenção e valor final.
Quando o consumidor passa a olhar para segurança com mais cuidado, a tendência é que a indústria também avance, trazendo essas tecnologias para versões mais acessíveis e ampliando a presença desse tipo de proteção no dia a dia das pessoas. No fim, todo mundo ganha: motoristas, passageiros e o trânsito como um todo.
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