A coluna traz uma análise do mercado automotivo, com tendências do segmento, panorama, dicas e orientações. Tem como público-alvo o cliente que compra carro, quer trocar de veículo ou tirar dúvida sobre a manutenção desse bem, além de leitores apaixonados pelo tema. O perfil nas redes sociais é @gabrielopersonalcar

10 dicas para fazer um bom negócio ao comprar um carro usado ou seminovo

Adquirir um veículo com segurança vai muito além de escolher o modelo, é uma decisão que deve ser tomada com atenção, paciência e informação; saiba como evitar dores de cabeça durante e após a compra

Vitória
Publicado em 01/11/2025 às 05h00
comprar carro
Comprar um veículo usado ou seminovo com segurança não depende de sorte, mas de informação e cuidado. Crédito: Shutterstock

No meu último texto em A Gazeta, trouxe dicas importantes para se prevenir de golpes ao comprar um carro usado ou seminovo. Porém, além do risco de golpes, é fundamental se atentar a vários outros aspectos no momento de comprar um carro.

Inclusive, recebo com frequência mensagens de pessoas contando que se empolgaram com um carro usado “em ótimo estado” e depois descobriram que o barato saiu caro. Comprar um usado ou seminovo pode, sim, ser um ótimo negócio. Mas exige atenção, paciência e, principalmente, informação.

O mercado está cheio de boas oportunidades, mas também de armadilhas disfarçadas de promoções irresistíveis. A diferença entre um bom negócio e uma dor de cabeça está nos detalhes.

1. Entenda o seu perfil de uso

Antes de sair procurando um carro, pare e pense: Qual é o seu tipo de uso? Anda mais na cidade ou na estrada? Costuma viajar com a família ou roda sozinho? Gasta mais tempo em engarrafamento ou em trechos longos?

Saber o que realmente precisa permite que você evite gastar mais do que deveria em um carro que não combina com a sua rotina. Ao longo dos meus 19 anos de mercado automotivo, já vi pessoas fazerem péssimos negócios exatamente por não entenderem, ao certo, qual perfil de carro que necessitavam.

Por exemplo, já vi um pai de família comprar um carro esportivo para ser o carro principal da família e depois perceber que faltava espaço. Também já vi pessoas comprarem um SUV grande e depois, ao chegar em casa, se darem conta de que não tinham uma vaga de garagem adequada para o veículo, tendo que deixá-lo na rua.

Enfim, várias situações que geram estresse e chateação por não entender exatamente o perfil de carro que se enquadra na necessidade, como um todo.

2. Pesquise o modelo a fundo

Não se limite ao preço do anúncio, veja também o histórico do modelo, consumo, custo de manutenção, confiabilidade, disponibilidade de peças e seguro. Às vezes, um carro mais caro no momento da compra pode ser mais econômico no longo prazo.

Vale consultar fóruns, grupos de proprietários e avaliações especializadas. Essas fontes revelam o que a ficha técnica não mostra.

3. Planeje-se financeiramente

Tenha clareza sobre quanto pode gastar, não só para comprar, mas também para manter o carro. Um automóvel envolve custos fixos e variáveis: IPVA, seguro, manutenção, combustível e eventuais reparos.

Quem entra em uma compra no limite do orçamento corre o risco de transformar o sonho em peso no bolso. Sempre recomendo às pessoas que reservem em torno de 15% do valor total da compra para custos como transferência, uma eventual manutenção, seguro, etc.

4. Evite se basear na opinião dos outros

Vejo com frequência pessoas ouvirem parentes ou até amigos na hora de escolher um carro. Carro é uma paixão nacional e, por isso, muita gente acha que entende do assunto. Além disso, um carro que é bom para você pode ser um problema para outra pessoa, sem contar que cada um tem sua expectativa em relação ao gosto e ao uso. Por isso, evite se basear no que é bom para os outros.

Um caso emblemático foi o que eu vi acontecer quando eu vendi um carro zero quilômetro de uma marca sul coreana. Atendi uma mãe e uma filha que queriam comprar um modelo de carro que, imediatamente, percebi que não iria atendê-las. O veículo era para mãe, e a filha estava influenciando por um determinado modelo, que era muito pequeno.

Resumindo, elas compraram o carro em outra loja e, uma semana depois, a mãe me ligou chorando, dizendo que eu tinha razão e que ela queria trocar aquele modelo, que era muito pequeno para o uso dela. Além do desgaste emocional que isso causou, o transtorno foi financeiro, visto que para trocar pelo veículo certo, ela perdeu bastante dinheiro no que comprou errado.

5. Verifique o histórico de manutenções e antigo proprietário do carro

Ao encontrar o carro desejado, peça o histórico de revisões comprovado por meio de notas de serviço e carimbo no manual de revisões. Isso mostra se o veículo recebeu as manutenções no prazo e do jeito correto. Se o vendedor não tiver esse histórico, evite comprar esse carro, pois o mesmo pode ter vários problemas mecânicos.

Outro aspecto importante da comprovação de manutenções é que você consegue ver a média de quilômetros rodados do carro, podendo assim comparar com a quilometragem apresentada no odômetro. Se não bater, existe indício de adulteração de quilometragem.

Além disso, vale investigar quem foi o antigo dono, se era pessoa física ou jurídica, e como o carro era usado no dia a dia. Um veículo que servia de frota, aplicativo ou locadora, por exemplo, pode ter um uso mais intenso e ter a qualidade comprometida.

6. Faça o laudo cautelar

Esse documento é indispensável. Ele mostra se o carro já teve batida estrutural, se foi de leilão ou qualquer irregularidade que o vendedor não contou.

É um investimento pequeno, perto da segurança que oferece. E lembre-se: mesmo que o vendedor apresente o laudo contratado por ele, exija que você faça na empresa de sua confiança. Já vi vários carros com laudo que dizia que o carro era original, mas na verdade apresentava vários indícios de colisão, inclusive estrutural.

7. Verifique a documentação

Confirme se o veículo está realmente no nome de quem está vendendo, se não há débitos de IPVA, multas ou restrições judiciais. É importante pedir para um despachante fazer essa consulta.

8. Avalie o carro com calma e faça teste-drive

Nada substitui dirigir o carro. O teste-drive permite perceber barulhos, comportamento de câmbio, suspensão, freios e até o conforto na sua rotina.

Se a sua garagem é mais difícil de manobrar, leve o carro para testar como seria essa dinâmica na prática.

Além disso, leve o veículo para uma oficina de confiança. Um bom mecânico enxerga o que passa despercebido pelo olhar do comprador.

9. Negocie com consciência

Pesquise preços de modelos semelhantes e use as informações a seu favor. Mas cuidado com ofertas “boas demais”. Às vezes, o preço muito abaixo da média esconde problemas sérios.

Comprar bem é pagar o justo, não o mínimo a qualquer custo.

10. Não tenha pressa

Comprar carro é uma decisão que mistura razão e emoção. Dê tempo para pensar, comparar e analisar. Se o vendedor pressiona, é porque o negócio pode não ser tão bom assim.

Ajuda profissional

Perceba que comprar um carro usado ou seminovo com segurança vai muito além de escolher o modelo. Por isso, se você tem o tempo muito corrido, vale contratar uma empresa ou profissional sério e com experiência comprovada para te ajudar nessa missão.

Além disso, independentemente de onde esteja olhando o carro escolhido, siga à risca essas dicas acima. Já vi muito carro ruim sendo vendido, tanto por pessoa física, quanto em lojas de usados e seminovos, e até em concessionárias renomadas.

Comprar um veículo usado ou seminovo com segurança não depende de sorte, mas de informação e cuidado. Quando o negócio é bem-feito, o carro vira parceiro de estrada e não um problema que você carrega no porta-malas.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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