Durante muito tempo, o carro dos sonhos da família brasileira era o sedã. Espaçoso, confortável e com aquele ar de status, ele simbolizava a conquista de quem “chegou lá”. Paralelo a isso, existiam as station wagons, ou peruas, que uniam o espaço dos sedãs à praticidade de um porta-malas generoso. Ambos eram os carros de família. Só que, aos poucos, elas sumiram, os sedãs foram perdendo sua relevância, e quem ocupou o lugar foram os SUVs.
De fato, os utilitários esportivos têm seus méritos. A posição de dirigir mais alta passa a sensação de segurança, o design robusto agrada ao olhar e, para quem tem crianças pequenas ou idosos na família, entrar e sair do carro costuma ser mais fácil. Além disso, muitos SUVs modernos trazem tecnologias e recursos que antes só apareciam em modelos de luxo.
O problema é que nem todo SUV é, de fato, um SUV. A maioria dos modelos vendidos no Brasil tem tração apenas dianteira e proposta totalmente urbana, o que não é um defeito, mas desmonta o discurso de “aventura” usado pelas montadoras. E o espaço interno, que muita gente imagina ser maior, muitas vezes é parecido ou até menor que o de um bom sedã ou perua de antigamente.
Hoje, vários SUVs compactos entregam porta-malas menores que os antigos hatchbacks médios, e, em muitos casos, o conforto ao rodar também é inferior, já que a suspensão elevada prioriza o visual, não o conforto. É um carro que parece mais robusto do que realmente é e o consumidor compra mais o estilo do que a função.
As station wagons desapareceram do mercado brasileiro justamente porque o público migrou para os SUVs. Só que, no fundo, os dois atendem ao mesmo tipo de necessidade: espaço, conforto e versatilidade. A diferença é que, agora, pagamos mais por um carro que muitas vezes entrega menos, principalmente relacionado a espaço interno e ao tamanho do porta-malas.
O SUV é, sem dúvida, o novo “carro de família”. Mas talvez seja hora de o consumidor olhar para ele com um pouco menos de romantismo e um pouco mais de razão. Afinal, a aventura que muitos prometem viver com esses carros acaba mesmo é no asfalto liso da cidade e, muitas vezes, faltando espaço no porta-malas.
LEIA EM GABRIEL DE OLIVEIRA
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