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Saiba como evitar comprar um carro com quilometragem adulterada

Estimativas apontam que um em cada três carros usados ou seminovos à venda no Brasil apresentam quilometragem adulterada; veja como se prevenir

Vitória
Publicado em 08/11/2025 às 05h59
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Processo de compra de um carro exige um olhar atento, para não cair em golpes e evitar dor de cabeça. Crédito: Shutterstock

Comprar um carro usado pode ser uma excelente oportunidade, mas exige olhar atento, para não cair em armadilhas. Uma das fraudes mais comuns é a adulteração da quilometragem. Ou seja: o que está marcado no odômetro não condiz com o que o veículo realmente rodou. Isso interfere, e muito, no custo, na manutenção e no valor de revenda.

Estimativas apontam que cerca de 30% dos carros usados ou seminovos à venda no Brasil já apresentam quilometragem adulterada, ou seja, três em cada dez veículos podem estar com o odômetro adulterado. É um número alto e que exige atenção redobrada de quem está prestes a fechar negócio.

Diante deste cenário, separei sete dicas práticas para evitar cair nessa cilada:

1. Verifique o histórico de manutenção e revisões

Peça os registros das manutenções feitas no carro, tanto revisões preventivas quanto manutenções corretivas. Esses registros trazem data e quilometragem de cada visita. Se o número do painel estiver muito diferente dos registros, desconfie.

2. Compare a média anual

No Brasil, a média de quilômetros rodados por ano gira em torno de 15 mil quilômetros, no Espírito Santo essa média é de 11.700 quilômetros ao ano. Se um carro de cinco anos marcar apenas 20 mil quilômetros no odômetro, por exemplo, exija a comprovação de que essa quilometragem é real.

3. Observe o desgaste físico

Pedais, volante, bancos, manopla de câmbio e até as borrachas das portas entregam o uso real do carro. Um veículo com baixa quilometragem, em regra, não deve apresentar tanto desgaste. Lembrando que existem exceções: por exemplo, pessoas que suam muitos as mãos tendem a ter carros com maior desgaste nos volantes, uso de anel e aliança também é um fator. Por isso, analisar o contexto, e não apenas um aspecto, é fundamental.

4. Olhe os pneus

Pneus novos em um carro “pouco rodado” podem ser sinal de maquiagem. Às vezes, o carro rodou muito mais do que parece e trocaram os pneus para disfarçar.

5. Consulte o histórico do veículo em plataformas confiáveis

Hoje, existem empresas que reúnem dados públicos e privados sobre o histórico de um carro, como registros de revisões, vistorias, passagens por leilão, sinistros e em algumas plataformas até leituras de quilometragem ao longo dos anos. Esses relatórios ajudam a identificar se o número do odômetro bate com o que foi registrado em inspeções anteriores, como vistorias de transferência e de seguro.

Se o relatório mostrar que o carro tinha 80 mil quilômetros há dois anos e agora aparece com 40 mil quilômetros no painel, está aí um indício claríssimo de adulteração. Esse tipo de consulta é barato e pode poupar um grande prejuízo.

6. Desconfie de ofertas boas demais

Carro com baixa quilometragem, preço abaixo da média e aparência impecável merece ainda mais investigação. Quando o negócio parece bom demais, é sinal de que algo pode estar sendo escondido.

7. Leve o carro a um mecânico de confiança

Mesmo que você não entenda de mecânica, uma boa vistoria pode revelar sinais de uso intenso como vazamentos, desgaste irregular ou folgas em componentes que contradizem o número do painel.

Checklist rápido para levar com você

  • Histórico de manutenção/revisões está disponível? Data e quilometragem estão registradas?
  • Quilometragem apresentada faz sentido para o ano/modelo (cerca de 15.000 km/ano, em nível Brasil, e 11.700 no ES)?
  • Estado dos bancos, pedais, volante e manopla condiz com o uso declarado?
  • Pneus parecem compatíveis com pouco uso ou foram trocados recentemente sem motivo?
  • Relatório de histórico (vistoria, leilão, sinistro) já foi consultado?
  • O vendedor explica com clareza a origem e o uso do carro?
  • O carro passou por uma vistoria de confiança antes da compra?
  • Os documentos e o número do chassi batem com o anúncio e com o histórico?

Fraudar quilometragem não é apenas uma questão ética, é crime.

Quando a adulteração é feita com a intenção de enganar o comprador e obter vantagem, o caso se enquadra no artigo 171 do Código Penal Brasileiro (estelionato), com pena de reclusão de um a cinco anos, além de multa.

Se a venda for feita por uma revenda ou empresa, o ato também pode configurar crime contra as relações de consumo, conforme a Lei nº 8.137/1990, artigo 7º, inciso IX, cuja pena vai de dois a cinco anos de detenção, além de multa.

Em resumo, trate a quilometragem como um dos fatores centrais na compra de um usado ou seminovo. Olhe com desconfiança, investigue e, se possível, peça ajuda de quem entende. Comprar bem é, acima de tudo, comprar com informação.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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