É engenheiro de produção, cronista e colhereiro. Neste espaço, sempre às sextas-feiras, crônicas sobre a cidade e a vida em família têm destaque, assim como um olhar sobre os acontecimentos do país

Tá danado em Brasília. Tá danado no Brasil inteiro

As manchetes tratam das turbulências no ambiente político. Fazem crer que estamos vivendo um tempo de esgarçamentos, com movimentações de pré-guerra

Publicado em 16/04/2021 às 02h00
Fachada do Congresso Nacional, em Brasília, que abriga a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
Fachada do Congresso Nacional, em Brasília, que abriga a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Crédito: Pedro França

As manchetes tratam das turbulências no ambiente político. Fazem crer que estamos vivendo um tempo de esgarçamentos, com movimentações de pré-guerra. Enquanto isso a pandemia avança, matando muitos, colocada no centro das disputas e servindo de razão e pretexto para a medição de forças. As tensões aumentam sem que surjam lideranças capazes de mediá-las, em nome da vida e do bom senso. Basta ver as notícias desses últimos dias.

Ministro das contas da União pede condenações severas por vergonhosa gestão do combate à pandemia. Procuradores federais movem ação de improbidade administrativa contra o ex-ministro e auxiliares. Ministro do Supremo atrapalha os negócios religiosos em nome da saúde e irrita poderosos. Candidato disputa vaga no Tribunal com a bíblia na mão, mas só facilita pro concorrente.

Ministro manda instaurar CPI da pandemia engavetada pelo senador dono da pauta da casa. Colega do Supremo mostra serviço, paga faturas e marca posição. Presidente do Senado, contra a parede, de calças curtas e sem mineirice, encolhe e treme. Senador ex-presidente ressurge querendo botar moral no galinheiro e voltar aos holofotes.

Congressistas querem gastar dinheiro das despesas obrigatórias para tentar a reeleição. Presidente da Câmara, em luta pelo poder, impõe condições para os próximos assaltos. Ministro do posto de gasolina já nem sabe onde vai dar a estrada que passa bem em frente.

Senador coloca no ar irritações e bravatas presidenciais, mostra serviço e erra na dose. Presidente desvairado, perdendo apoio, desvaira mais, fala bosta e em dar porrada. Senador filho de bravateiro processa colega que diz ter bomba pra derrubar a República.

Senadores bem mandados esticam corda pedindo impedimento de ministro Supremo. Presidente gargalha ao saber que ministro aliado relatará pedido de impedimento de ministro inimigo.

Ministros decidem em plenário sobre jogadas e conchavos de advogados do ex-presidente. Senador ressentido diz que Gilmar não tem limites, e o próprio concorda se gabando disso.

Ministro da boiada quer deixar passar 200 toneladas de madeiras extraídas ilegalmente. Delegado federal abre notícia-crime contra ministro por defender interesses de madeireiros.

Senador das armas consegue liberar quantidades e usos com simples golpe regimental. Ministra gaúcha usa o poder da Justiça para vetar o que o tal senador conseguiu e comemora. Novas altas patentes fazem cara de paisagem, e o capitão volta a falar em “meu exército". Presidente diz, também no cercadinho, que aguarda sinal do povo para tomar providências.

Opositores querem juntar os mais de cem pedidos de impeachment engavetados para disparar um só petardo. Ex-ministro poeta, à frente de comissão na OAB, produz arrazoado para pedir o impedimento do presidente.

Oremus. Em latim.

*Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta

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