A Petrobras vai investir 15,8 milhões em uma pesquisa para geração de hidrogênio e grafeno a partir do gás natural. O hidrogênio é uma das maiores apostas da indústria intensiva em energia (caso da siderúrgica, que hoje utiliza muito carvão) para fazer a transição energética e o grafeno é um material muito resistente e de alta condutividade elétrica e térmica, por isso, é muito promissor nas mais diversas aplicações tecnológicas e até médicas.
A pesquisa está sendo tocada pelo professor Alfredo Cunha, do Departamento de Física da Universidade Federal do Espírito Santo. O trabalho será feito com alunos e técnicos dos laboratórios de Materiais Carbonosos e Cerâmicos (LMC) e Plasma Térmico (LPT) da Ufes. "Em 2006, quando estávamos fazendo um outro estudo para gerar hidrogênio, surgiu um resíduo, no decorrer do processo, que não estava previsto. Tive de mandar a amostra para a Inglaterra para conseguir identificar, não tinha microscópio no Brasil que era capaz disso, que tratava-se de grafeno. Agora, o objetivo é gerar mais hidrogênio e mais grafeno a partir da reforma a seco do gás natural, usando um jato de plasma de CO2", explicou o professor. "O processo, além de gerar hidrogênio, faz a captura do carbono na forma de sólido com alto valor agregado, diminuindo a emissão do CO2 que provoca o efeito estufa".
O trabalho começa agora em outubro e deve levar pelo menos dois anos para ser concluído. Dos mais de R$ 15 milhões, R$ 6 milhões irão para dois equipamentos essenciais: um microscópio eletrônico de varredura de alta resolução field emission gun (0,6 nm), que sairá por R$ 4 milhões, e uma fonte de potência que deve ficar em R$ 2 milhões.
"Teremos a infraestrutura necessária para conseguirmos fazer as pesquisas e analisar os resultados. O grande problema do hidrogênio é ganhar escala, é nisso que vamos trabalhar, queremos otimizar a produção. Tudo será a partir do plasma térmico, e esse nosso laboratório é uma referência no Brasil. A partir desse trabalho do hidrogênio, também teremos grafeno, o que abre uma nova frente de trabalho. Nos dois casos o potencial do estudo e das posteriores consequências são enormes. É um estudo de ponta no Brasil e no mundo".
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