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Gás é a alternativa do ES para encolhimento da indústria do petróleo

Desde 2016 que a produção capixaba só faz encolher. Para os próximos cinco anos as perspectivas são boas para a área, mas o desafio está no longo prazo

Publicado em 08/05/2023 às 03h50
Unidade de Tratamento de Gás em Cacimbas, Linhares, da Petrobras, deve receber novos investimentos. Obras foram feitas pela União Engenharia
Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, Linhares, da Petrobras. Crédito: Miplan Engenharia/Reprodução site/Divulgação

Desde 2016 que a produção de petróleo e gás natural no Espírito Santo encolhe. As perspectivas para os próximos cinco anos - com a chegada da nova plataforma da Petrobras no Parque das Baleias, com a ampliação da produção em terra e com o início das operações da PRIO no campo de Wahoo (extremo Sul do Estado) - são boas, mas o maior desafio está em fazer este ecossistema gigantesco, que responde por 40% da indústria capixaba, se manter robusto no longo prazo.

Diante do fato de que apenas uma fatia marginal do pré-sal (a grande fronteira de produção da indústria de óleo e gás no país) está no nosso litoral, o Espírito Santo terá de usar outros argumentos de atração. O principal deles deve ser a infraestrutura de processamento e distribuição de gás natural já montada por aqui e que hoje está subutilizada. As unidades de tratamento que a Petrobras construiu, na primeira década dos anos 2000, em Linhares e Anchieta estão com ociosidade que supera os 80%. Juntas, têm capacidade para processar 20,6 milhões de m³ de gás por dia. Também não está na plena capacidade o Gasoduto da Integração Sudeste-Nordeste (Gasene), que corta todo o Estado, de Norte a Sul.

O governo do Estado tem mantido conversas com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para que este ativo volte a ser aproveitado pela empresa. "Foram colocados bilhões em unidades de processamento e gasoduto. Não faz o menor sentido toda essa infraestrutura estar nos atuais níveis de ociosidade. Temos produção de gás no litoral do Estado, o mercado está demandando gás e nós não estamos usando a infraestrutura já montada para colocar isso na rede. Precisamos encontrar uma alternativa, estamos em debate com a Petrobras, é um ativo importante para a economia do Estado", argumenta o vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, Ricardo Ferraço.

Na avaliação do CEO da EnP Energy, Márcio Félix Bezerra, que foi gerente-geral da Petrobras no Espírito Santo e secretário de Estado de Desenvolvimento, o gás é uma grande alternativa. "O pré-sal é tão maravilhoso, tão espetacular, que é difícil atrair a atenção. É um cenário desafiador para o Espírito Santo, sem dúvida, mas há uma vantagem competitiva. O Espírito Santo tem plantas de processamento de gás com capacidade disponível e tem gasodutos com capacidade disponível. A infraestrutura para quem quer investir em gás natural está dada. O gás produzido no mar do Norte do Estado vai para Cacimbas (unidade de tratamento que fica em Linhares) e entra no sistema pelo Gasene. Ou seja, rapidamente o gás é extraído e já entra em um sistema de gasoduto que vai para os grandes centros consumidores do país. Indo além, pode ir também para Minas Gerais por ferrovia, como gás liquefeito. O Espírito Santo é um trampolim para quem descobre gás".

Mas ele alerta para os desafios. "Mas precisa de mais atividade exploratória. Importante fazer um trabalho com as empresas que atuam na atividade de exploração e produção atentando para todos esses ótimos fatores que estão aqui dentro e subutilizados. Tem que buscar empresas como Petronas (Malásia), Eni (Itália) e CNOOC (China), que possuem ativos no litoral capixaba, e mostrar isso. É um trabalho que é da ANP, mas a ANP vende o país todo. Importante o governo e entidades capixabas também fazerem esse trabalho. A valorização do gás natural, a ampliação espaço do combustível dentro da matriz energética vai fazer com que os projetos tornem-se mais atrativos aos investidores", assinalou Márcio Felix.

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