Desde o dia 22 de outubro, indígenas da aldeia Córrego D'Ouro interditam o ramal Piraqueaçu da Estrada de Ferro Vitória-Minas, que liga a ferrovia, a única operacional do Espírito Santo, à região portuária de Aracruz. Eles querem ser indenizados pela Samarco por causa do rompimento das barragens de Mariana, em novembro de 2015. Trata-se de mais uma no longo histórico de interdições do trecho, causando um enorme prejuízo imediato e que pode ter impactos sérios no futuro. A estrutura, em outras situações, chegou a ficar fechada por três meses.
Passam por ali muitas cargas, mas a principal é a celulose vinda da Cenibra e da LD Celulose. As duas fábricas ficam em Minas Gerais - a Cenibra em Belo Oriente e a LD no Triângulo Mineiro - e escoam toda a produção por Portocel, em Barra do Riacho. Sem os trens, o trecho final do transporte precisa ser feito por caminhões, o que amplia o custo logístico em 30%. Mesmo gastando mais, é impossível recompor a eficiência da entrega, impactando o cliente final. Ou seja, o prejuízo, financeiro e de imagem, é generalizado.
Só para termos uma ideia do tamanho do problema, a VLI (concessionária que opera pelo ramal) investiu R$ 400 milhões para movimentar a carga da LD Celulose. São 500 mil toneladas por ano. Portocel, por sua vez, aportou outros R$ 38 milhões. O contrato começou em 2022 e vale por 30 anos.
"A carga precisa descer em Colatina, ir para carretas e andar 40 quilômetros até Aracruz. Até agora, o prejuízo é de R$ 115 milhões, mas o pior é, diante da recorrência dos acontecimentos, imaginar o potencial de crescimento que está sob risco. É incalculável. Estamos diante de um grave problema de imprevisibilidade, insegurança jurídica e, claro, perda de competitividade. O parque logístico precisa ser tratado como um projeto do Espírito Santo, não pode ficar sob tamanha ameaça", assinalou André Giori, diretor da Amear (Movimento Empresarial de Aracruz).
Trata-se de uma desafio a ser enfrentado. Sem entrar no mérito do motivo das manifestações, o fato é que o Espírito Santo aposta alto no hub logístico de Aracruz para catapultar a economia capixaba no logo prazo. É lá que fica o já famoso Parklog, que engloba Portocel, Porto da Imetame e Vports. Essas interdições em sequência precisam entrar no mapa de risco para que uma saída seja encontrada, afinal, se não der para chegar nos portos, de nada adiantarão os investimentos...
Correção
3 de novembro de 2025 às 19:21
O texto original utilizou a palavra índio, mas o correto é indígena. A nota foi atualizada.
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