Os políticos e o setor produtivo do Espírito Santo acertam ao buscar os representantes e empresariado de Minas Gerais quando o assunto é a renovação antecipada da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA). Minas tem o terceiro maior PIB do Brasil, a segunda maior população e não possui acesso direto ao mar. Portanto, quando o assunto é infraestrutura, os interesses de mineiros e capixabas precisam estar bem alinhados. A FCA faz a integração de parte importante do Brasil Central e se conecta com as vias que vão rumo aos portos do litoral.
Todos sabemos que a força política conta muito na hora de se tomar uma decisão em Brasília. Isso falta ao Espírito Santo e sobra para Minas Gerais. No caso específico da FCA, a inclusão do contorno ferroviário de Belo Horizonte entre as obrigações da nova concessão é importante para os dois estados. O novo traçado melhoraria a eficiência da conexão da Centro Atlântica com a Vitória-Minas, agilizando o movimento da carga mineira e deixando os portos capixabas mais competitivos.
Minas Gerais tem uma indústria forte e um agronegócio que só faz crescer. As cargas internacionais mineiras, em quase sua totalidade, entram e saem pelos portos de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Se quisermos competir em pé de igualdade com dois dos maiores estados do Brasil - em população e economia -, o Espírito Santo precisa se mostrar uma boa opção para os vizinhos das Minas Gerais. Para isso, só resolvendo as questões ferroviárias (tema em questão) e rodoviárias (nas BRs 259 e 262, que estão um pouco mais distantes de serem solucionadas).
Os capixabas têm bons argumentos: já há estruturas em operação (a Vitória-Minas é umas das melhores ferrovias do Brasil), as distâncias são competitivas e o Espírito Santo possui um cardápio bastante atrativo de projetos portuários saindo do papel. Mas precisa buscar aliados (Goiás também pode ser buscado).
Cabe aqui destacar um último ponto: a Bahia, outro Estado para lá de forte politicamente, tem se movimentado para atrair investimentos ferroviários, inclusive na concessão da FCA, e portuários. A briga é de cachorro grande, o Espírito Santo não pode dormir no ponto.
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